Nicolau Verenicz, também conhecido por “Gordo”, um dos maiores e mais temidos assaltantes do Sul do país, especializado em roubos a joalherias, continua agindo e está escondido em Curitiba. A quadrilha dele foi presa ontem em Joinville, assaltando uma relojoaria, em uma ação orquestrada por Verenicz, conforme apurou a polícia catarinense. Ele é foragido da penitenciária de Florianópolis, há cerca de seis anos. O assaltante é bem conhecido da polícia do Paraná – na década de 80, realizou o maior assalto à joalheria que se tem notícia no País, fazendo refém a família Kaminski, da Joalheria Pérola, e “limpando” o tradicional estabelecimento. Naquela época, ele já era foragido da Colônia Penal Agrícola, em Piraquara.
A perseguição da polícia ao bando, fortemente armado e violento, foi cinematográfica, com troca de tiros. A ação teve início por volta das 9h da manhã, durou duas horas e mobilizou 24 viaturas da Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil de Pirabeiraba, helicóptero e equipes de apoio. Os acusados do assalto são Leandro Gaspar, Eleomar D’Ávila, Ivo Antônio Rocca e Silvio Luiz Santana, que fugiram de Joinville com um Gol branco roubado (placa AJG-8647, de Curitiba), acabaram perdendo a direção do veículo na Vila Schulz. No local houve troca de tiros, um policial acabou sendo baleado no braço e o primeiro assaltante foi capturado. Os outros três abordaram o motorista e dois ajudantes de um caminhão de entrega de móveis e eletrodomésticos e, em seguida, renderam outras duas famílias, até conseguir roubar um veículo para a fuga.
Foram horas de terror para os moradores do bairro. Atrás de um carro para fugir, o trio arrombou uma casa e ameaçou de morte um dos filhos da moradora e um vizinho. “Colocaram um revólver na cabeça dele (o filho) e disseram que iriam matá-lo se ele não entregasse a chave do carro”, lembrou a mulher, que conseguiu escapar com a filha de cinco anos, aproveitando a distração dos bandidos. Os ladrões tentaram ligar o veículo, mas não conseguiram e libertaram os reféns. Depois, entraram em outra residência, renderam a família e finalmente conseguiram roubar um Gol prata. Fugiram, abandonaram o carro e se embrenharam em um matagal, onde foram detidos.
Em Curitiba
A operação da quadrilha começou por volta de 7h, da manhã, quando o bando roubou um Gol branco, em Curitiba. Os assaltantes seguiram para Joinville em dois carros. Adriano Gaspar, 29 anos, dirigia o carro roubado. O uruguaio Ivo Antônio Rocca, 50 anos, Elemar Dávila, 41, e o paraguaio Rodrigo Aguilera, 33, foram em um Santana que pertence a um deles.
Chegando a Joinville, o bando seguiu direto para a relojoaria. Armados, Adriano e Rodrigo invadiram a loja e anunciaram o assalto. “Foi tudo muito rápido, mas em pouco tempo os bandidos nos deram um grande prejuízo”, disse o filho do proprietário. De acordo com o que relatou à polícia, os assaltantes quebraram a vitrine e rapidamente arrecadaram todos os relógios e outros objetos.
O dono da relojoaria estava acompanhado de dois filhos. Além deles, estavam no local um casal de clientes com um filho pequeno, que conseguiram escapar. O filho do proprietário contou ainda que um dos homens ficou o tempo todo com uma arma apontada para sua cabeça e chegou a atirar em direção ao pai dele, mas não acertou. A quadrilha fugiu levando grande quantidade de relógios.
Após a prisão dos quatro homens, eles foram levados para a 3.ª DP de Joinville. Foram apreendidos, além dos relógios roubados, dois celulares, um revólver, calibre 357, três pistolas nove milímetros e mais de cem cartuchos de munições. Os assaltantes passaram o dia todo na delegacia sendo interrogados.
O superintendente Juarez Espíndola desconfiou da identidade de Rodrigo, que havia apresentado documentos em nome de Sílvio Luiz Santana. Durante o interrogatório, o paraguaio acabou revelando o verdadeiro nome. Ele é natural de Assunção e, segundo Juarez, tem mandado de prisão por assaltos cometidos no país de origem. A polícia está levantando a ficha dos outros envolvidos e acredita que eles sejam responsáveis por outros assaltos cometidos na região. Os quatro foram encaminhados para o Presídio Regional de Joinville, no início da noite de ontem.