“Má, tô atirado”, gritou do telhado da casa vizinha o catador de papel Miguel Clemente Dias, 29 anos. Ele desceu cambaleando, ferido por um tiro nas costas, e a amásia Márcia Kotovicz, da mesma idade, atendeu ao pedido de socorro e tentou reanimá-lo. Mas não conseguiu e o homem morreu no chão do barracão em que morava, na Rua Comendador Franco (Avenida das Torres), esquina com a BR-476, Jardim das Américas, às 20 de domingo.
O casal, sem filhos, vivia há quatro meses no barracão abandonado, porão de um conjunto de lojas para alugar. Há 11 anos juntos, sobreviviam da venda de produtos recicláveis, segundo Márcia.
Telhado
A mulher contou que domingo à noite Miguel subiu no telhado da casa vizinha e de repente gritou que havia sido baleado. Ela o colocou no solo e tentou salvá-lo com respiração artificial e massagem cardíaca. Depois saiu para ligar para a mãe, que mora em Colombo, mas nisso viu uma viatura da PM passando pela Avenida das Torres. Quando os policiais entraram no barracão, Miguel já estava morto.
Uma possível razão do crime foi descoberta às 21h, uma hora depois do tiro. O dono da segunda casa à direita do barracão chegou com a esposa e sentiu falta da bicicleta da filha. Viu marcas de calçado no muro, subiu e encontrou a bicicleta no telhado do qual a vítima havia descido. Uma vizinha disse ainda que ouviu uma discussão antes do disparo.
A polícia não descarta que alguém tenha visto Miguel no terreno alheio cometendo o furto e atirou, após breve troca de insultos. Cabe à Delegacia de Homicídios identificar o autor.