No momento em que filmava a decolagem de um jato, o cinegrafista Éverson Laurindo, 26 anos, morreu instantaneamente ao ser atingido na cabeça pelo trem de pouso da aeronave, ontem em Apucarana, norte do Estado. O trágico acidente aconteceu às 14h20, na pista do Aeroporto Municipal Capitão João Busse. O jato, prefixo PR-MMS, havia sido fretado por uma empresa local para levar empresários norte-americanos que visitavam a cidade até São Paulo.
A movimentação no aeroporto era intensa porque o próximo avião a pousar traria o governador Roberto Requião (PMDB), que faria vistoria numa obra da cidade. Em razão disso, algumas áreas próximas à pista estavam liberadas para profissionais da imprensa. De acordo com José Luis Alves Miguel, administrador do aeroporto, ?Éverson não poderia ultrapassar o pátio de manobras das aeronaves, porém como havia muita gente no local, o pessoal da segurança não deve ter percebido que o rapaz tinha entrado na pista?. O Instituto de Desenvolvimento, Pesquisa e Planejamento de Apucarana (Idepplan) informou que a equipe de filmagem não tinha autorização para trabalhar na pista.
Éverson foi atingido pelo trem de pouso localizado abaixo da asa esquerda do jato, no momento em que era iniciada a decolagem. O fotógrafo Aristeu Leandro da Silva Ananias, 19 anos, que estava ao lado do cinegrafista, conseguiu se desviar do avião. Em estado de choque, o jovem contou que deu alguns passos para o lado e se agachou, evitando que a aeronave o atingisse. A delegacia local, responsável pela investigação do caso, informou que por estar filmando, Éverson provavelmente não percebeu que o jato estava próximo e achou que ele passaria por cima. O delegado Cássio Wzorek instaurou inquérito policial para apurar eventuais responsabilidades. ?Uma vez que houve homicídio, todas as partes serão ouvidas?, disse.
O sargento Vanderlei Simão de Souza, do Corpo de Bombeiros, informou que a cabeça da vítima estava desfigurada. ?Infelizmente, o rapaz estava no lugar errado, na hora errada?. O corpo de Éverson foi encaminhado até o Instituto Médico-Legal (IML) de Apucarana.
O piloto da aeronave, mesmo percebendo o impacto, seguiu viagem e pousou no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Cinco pessoas estavam a bordo do jato. ?O avião será encaminhado para a perícia e o piloto será ouvido pela polícia de São Paulo?, informou o delegado.
O avião que levava o governador foi informado do acidente e alterou sua rota, pousando em Arapongas. Horas depois da tragédia, o administrador do aeroporto informou que, mesmo com o acidente, o retorno do governador seria por Apucarana. ?Já está tudo pronto para receber a comitiva do governador e a decolagem está confirmada?, disse.
Aeroporto
Denominado Capitão João Busse em homenagem ao primeiro aviador do Paraná, o aeroporto de Apucarana passou por reforma completa de pista e sinalização, além do terminal de embarque de passageiros. Embora o terminal aeroportuário não receba vôos comerciais, é diariamente utilizado por empresários da região e por autoridades políticas.
