Muitos dos acidentes que ocorrem nas estradas brasileiras têm como causa principal as más condições de saúde dos motoristas. A informação é do presidente da seção paranaense da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, Joseph Kayal. Ontem, ele participou de um comando médico promovido pela Polícia Rodoviária Federal, no km 56 da BR-116, nas proximidades do município de Campina Grande do Sul.
Os caminhoneiros que passavam pelo local eram convidados a parar e fazer exames de vista, medição da pressão arterial, do nível de glicemia e colesterol. Eles eram atendidos por médicos e enfermeiros da PRF, do Hospital Angelina Caron e por estudantes de Enfermagem da Uniandrade. Quem tinha algum problema identificado era orientado a fazer novos exames. Se o motorista fosse considerado incapaz de prosseguir viagem, o veículo era apreendido e a transportadora responsável pela carga avisada.
“Muitas vezes, os caminhoneiros passam mais de dez horas por dia na estrada, sem condições de cuidar da saúde e se prevenir de problemas futuros. O simples fato de ficarem muito tempo sentados pode fazer com que eles desenvolvam coágulos na perna que podem se deslocar pelo corpo e causar um infarto”, conta Joseph. “Alguns também se alimentam mal, dormem pouco e não fazem exercícios físicos. Devido ao cansaço e às más condições de saúde, acabam adormecendo no volante e causando acidentes.”
Remédios
O uso de remédios, como certas drogas para controlar alergias e diabetes, tranqüilizantes e para problemas cardíacos, também podem causar sonolência e fazer com que os reflexos fiquem mais lentos. Sob o efeito desses produtos, os motoristas, em casos de emergência, acabam não conseguindo parar a tempo de evitar um acidente, desviar de um obstáculo ou fazer uma manobra rápida. “Não só os caminhoneiros, mas todo motorista que for fazer uma viagem longa deve se prevenir procurando um médico. O uso de remédios e a incidência de problemas como pressão alta devem ser comunicados.”
No caso dos caminhoneiros, outra coisa que preocupa bastante é o uso voluntário e inconseqüente de ©rebitesª, que são estimulantes, geralmente tomados em doses excessivas, que permitem que a pessoa permaneça acordada por um longo período de tempo. “São drogas bastante utilizadas pelos caminhoneiros”, diz o médico. “Como eles geralmente sofrem muitas pressões por parte das empresas para as quais prestam serviço, costumam utilizar ©rebitesª para ficar acordados e chegar sem atraso a seus destinos finais. Esses estimulantes fazem muito mal à saúde e também contribuem para a ocorrência de acidentes.”
O Comando Médico da PRF é uma iniciativa que acontece uma vez por mês em todo território nacional. Ontem, as atividades ocorreram simultaneamente no Paraná, Acre, Pernambuco e Minas Gerais.