Até há algum tempo a crueldade empregada em filmes de terror parecia ser fruto da imaginação. Entretanto, a maldade banalizou-se e hoje é vista nas ruas, conseqüência do tráfico e do uso das drogas. Chacinas e torturas, típicas de psicopatas, tornaram-se comuns.
Na terça-feira, uma jovem de 18 anos foi decapitada, possivelmente por dois garotos, porque devia a traficantes, em Colombo. Mas este não foi o primeiro crime bárbaro, ocorrido este ano.
Em janeiro, Douglas dos Santos Nascimento, 16 anos, foi espancado, humilhado e arrastado pelos becos da Vila Tripa, no Umbará, com uma corda amarrada ao pescoço.
Antes de jogá-lo em uma valeta, os assassinos deram golpes na cabeça dele com uma pedra com cerca de cinco quilos. Eles fizeram tudo na frente dos moradores da região. Douglas seria usuário de drogas.
Em 11 de fevereiro Maurício Jonson, 29 anos, que era viciado em crack, foi assassinado em sua casa, com uma facada no pescoço, em Almirante Tamandaré. O corpo foi arrastado até o forno de cal, e lá queimado.
Uma semana depois, em Pinhais, Mauro Sérgio dos Santos e a mulher dele, Rosângela Padilha dos Santos, foram obrigados a ficar de joelhos e foram executados com tiros na nuca. Traficantes estavam atrás do filho deles, que devia dinheiro por conta do vício, mas não o encontraram.
Mulheres
Em 20 de março, duas mulheres foram assassinadas e três feridas por traficantes que abriram fogo nas ruas da invasão Terra Santa. Por pouco, um bebê, que estava no colo de uma das mulheres, não foi atingido.
Dez dias depois, em São José dos Pinhais, traficantes de drogas deixaram o recado marcado no corpo da vítima. Vanessa da Silva, 18, foi encontrada enforcada e com as inscrições “X-9 e casinha” marcadas a faca. Os traficantes acreditavam que ela era informante da polícia.
Em 7 de abril outra barbárie: o deficiente físico e usuário de crack Ednilson Vanderlei Salata, 39 anos, saiu para comprar drogas e não voltou. Ele também foi decapitado. As partes do corpo estavam em um matagal na Vila Leonice, Cachoeira, perto de onde ele morava.
Desajustados
Por trás desses criminosos escondem-se personalidades perturbadas. São psicopatas que deixam aflorar o instinto mais selvagem do ser humano, controlado pela maioria da sociedade.
Para o médico psiquiatra e perito criminal Rui Fernando Cruz Sampaio, a maldade pode ser hereditária. São pessoas que nascem com esse desvio de conduta e que, desde criança, praticam o mal.
“São meninos e meninas que torturam animais e acham isso divertido, por exemplo. Se essas crianças não forem tratadas, certamente serão psicopatas quando adultos”, explica o médico.
Meio
A crueldade também surge pela influência do meio. Crianças e adolescentes vindos de famílias desestruturadas, sem valores e imposição de limites, acham que a violência é normal.
Segundo Sampaio, esta ausência de parâmetros resulta no surgimento de assassinos, que dificilmente são capazes de se regenerar. São pessoas que praticam crimes e depois não sentem qualquer remorso.
“Todo o ser humano é um animal com instintos selvagens. O que ocorre é que alguns perdem a noção que temos que controlá-los para viver em sociedade. Quem comete crimes não tem problemas mentais. É consciente de seus atos e deve ser punido por eles”, salienta Rui.