O motivo da manifestação que fechou a Rua Antônio Escorsin, no cruzamento com a Rua Antônio Tomazi, no São Braz, na tarde de ontem, foi comprovado durante o protesto. Um veículo em alta velocidade, ignorando os bloqueios feitos pela polícia, colidiu com a motocicleta do policial militar que interditava o trânsito em uma das esquinas próximas. Após o acidente, e mesmo ferido na testa, o condutor, que parecia estar alcoolizado, tentou fugir, mas foi detido.
Desta vez, ninguém saiu ferido, mas nos últimos dias, ocorrem dois outros acidentes fatais. Os motociclistas Jardel Leite, 22 anos, e Jefferson Bueno, 23, foram mortos por motoristas imprudentes.
Atropelamentos naquele trecho da rua são quase rotineiros. De acordo com moradores, pelo menos uma pessoa é morta a cada ano. "Queremos algo que reduza a velocidade dos carros. Deste jeito, não dá mais", ressalta Silmara Fiori Bueno, 23, promotora de vendas e irmã de Jefferson. Ali perto, está instalado um Projeto Piá e a via é atravessada por várias crianças durante o dia. "Até os funcionários do Projeto já solicitaram uma lombada, que ainda não foi colocada", diz.
Imprudência
Cerca de 100 moradores se reuniram naquela esquina, com faixas pedindo Justiça em nome da última vítima (Jardel), e queimaram pneus, das 14h às 18h30. "A única solução para esta situação é um sinaleiro", disse Luciene Regina Prando, 39, representante comercial, apoiada por outros manifestantes. Ela lembrou que, no dia 5 de fevereiro deste ano, foi protocolado junto à Câmara Municipal o pedido para a instalação do semáforo, pelo vereador Aldemir Manfron, que mandou um representante à manifestação.
Durante o protesto, a uma quadra do local, o Fiat Uno placa EVA-1812, conduzido pelo pintor de carros Paulo César Denbinski, 34, ignorou o policial que desviava o trânsito. Ele colidiu com a motocicleta do soldado Rogério, do 12.º Batalhão da PM, e, por pouco, não atingiu o policial. Há suspeitas de que o condutor teria ingerido bebida alcóolica, porém somente exames complementares poderão confirmar o estado dele.
Os manifestantes afirmaram que, se nenhuma providência for tomada em uma semana, voltarão a bloquear o cruzamento.
Estatísticas
Jardel morreu ontem, depois de passar 15 dias sob cuidados médicos. Além dele, perderam a vida naquela região, Jefferson Bueno, irmão de Silmara, que "puxava" a manifestação; uma mulher grávida, que também perdeu o bebê; uma criança de 8 anos, que atravessava para ir à escola; entre outras vítimas. Ainda devem ser contabilizados as colisões sem vítimas que acontecem quase semanalmente, como informa a contadora Cristiane Fontoura, 34, que já teve um pequeno acidente na esquina da manifestação. A contadora também proíbe a filha, Amanda, de ir à casa da avó, que mora algumas quadras acima, e o trajeto exige a travessia da fatídica esquina.