Assassinos invadem velório no dia seguinte à execução

Um tiroteio matou o pintor David da Cunha, 25 anos, e feriu uma adolescente, na Rua Filipinas, no Centenário, na noite de quinta-feira. A garota levou um tiro no braço e foi levada pelo Siate ao Hospital Cajuru. Ontem, enquanto o corpo de David era velado na Associação de Moradores São Domingos, ele foi outra vez ?atacado?. Dois homens chegaram em um Celta branco, efetuaram diversos tiros contra o caixão e fugiram em seguida.

O crime ocorreu por volta de 20h de quinta-feira. Três homens armados desceram a Rua Nagib Silva e, quando chegaram em frente a uma lanchonete, na esquina com a Rua Filipinas, abriram fogo contra David da Cunha, 25 anos. Ele estava sentado na frente do estabelecimento e ainda tentou correr, mas caiu em seguida.

Do outro lado da rua, Celso dos Reis Sanches, 36, amigo de David, esperava a esposa no ponto do ônibus. Percebendo que os atiradores vinham em sua direção, ele sacou uma arma e atirou para cima, tentando afugentá-los, mas o trio revidou, iniciando um tiroteio. Uma garota de 16 anos, que tinha acabado de descer do ônibus biarticulado, foi ferida no braço por uma bala perdida.

Estação-tubo

Outro tiro acertou a estação-tubo Catulo da Paixão Cearense e, por poucos centímetros, não acertou a cabeça do cobrador. ?Nasci de novo. Na hora do tiroteio nem pensei em nada, corri para dentro da lanchonete e esperei as coisas acalmarem?, contou o cobrador.

Segundo Érica da Cunha Pereira, irmã de David, ele trabalhava como pintor, era pai de dois filhos e morava no Jardim Agrícola, também no Cajuru. Ela disse que ficou sabendo da morte do irmão através de um amigo que passou pelo local e ligou avisando. ?Eu não sei se ele usava drogas, só sei que não o via há mais de duas semanas?, contou.

O cabo Joel, da Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone), disse que ele e sua equipe estavam a algumas quadras do local do crime. ?Ouvimos os tiros e, em alguns minutos, já estávamos aqui?, disse

o policial. Segundo ele, David tinha diversas passagens pela polícia por uso de entorpecentes. ?Possivelmente o crime esteja relacionado ao tráfico de drogas. A forma como ele foi morto leva a crer que os homens vieram ?buscá-lo??, comentou o policial.

Tiros e tumulto no velório

Num sinal de completo desrespeito à família de David e demonstrando que realmente se tratava de vingança, dois homens armados invadiram o salão da Associação de Moradores São Domingos, na Rua Amador Bueno, no Cajuru, onde o corpo era velado, e efetuaram diversos disparos contra o caixão. Ainda insatisfeitos, os dois chutaram a urna funerária.

Em seguida, a dupla embarcou no Celta que os levara até lá e foi embora. A placa do veículo não foi anotada. O enterro de David, que estava marcado para a manhã de sábado, no cemitério Parque Senhor do Bonfim, em São José dos Pinhais, foi antecipado. A iniciativa foi dos parentes de David, que, com medo de novas investidas dos marginais, enterraram o rapaz.

Preso por porte de arma

Ainda na noite de quinta-feira, Celso foi preso por investigadores da Delegacia de Homicídios e encaminhado ao Centro Integrado de Atendimento ao Cidadão (Ciac), onde foi autuado em flagrante por estar portando uma arma com o porte vencido e por ter feito disparo em local público.

Na manhã de ontem, ele foi ouvido pela delegada-adjunta da DH, Iara Dechiche. Segundo ela, ele confirmou as informações colhidas pela polícia no local do crime. Os atiradores estariam atrás de David e, como eram amigos, achou que também seria alvo dos tiros.

Na próxima semana, será feito o confronto balístico com a arma recolhida com Celso. A polícia quer saber se os tiros que tiraram a vida de David, os que acertaram o braço da menina e o ponto do ônibus foram disparados por ele ou não. ?De qualquer forma, ele será incluído no processo como testemunha?, explicou a delegada.

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