Assassino revela ter feito pacto com o diabo

"Fiz um pacto com o diabo para melhorar de vida." Esta foi a justificativa de João Everson Semeão, 32 anos, para o assassinato do aposentado Orlando Ferreira Alves, 71, cujo corpo foi enterrado no quintal da casa do criminoso. João foi interrogado ontem, no Hospital Cajuru, e revelou a trama diabólica, assegurando que negociou com o capeta através de um site da internet. Ele afirmou que o diabo mandou que ele matasse uma pessoa por semana. Desta forma ficaria rico.

Ainda ontem, policiais da delegacia do Alto Maracanã receberam um telefonema anônimo, em que uma voz masculina garantia que há um segundo corpo enterrado no mesmo quintal. De acordo com o denunciante, próximo de onde foi localizado o cadáver do aposentado, há outra elevação de terra, que esconde mais uma vítima. Hoje, às 9h, equipes da delegacia, do Corpo de Bombeiros e da Criminalística deverão retornar à casa, para uma nova busca.

Confissão

Em seu interrogatório, João ainda alegou que cometeu o crime sozinho e negou que esteve na casa da vítima acompanhado de um homem baixinho, robusto, que usava cavanhaque, conforme depoimento de familiares do aposentado. "Ele não parece ser louco", afirmou o superintendente Valdir Bicudo, da delegacia do Alto Maracanã, apesar de João ter matado o aposentado, roubar o carro e dinheiro dele, e depois atentar contra a própria vida.

João Everson, que ontem já estava rindo e perguntando para onde vai quando sair do hospital, contou detalhes sobre o assassinato. Ele disse que, na última quarta-feira, estava folheando um jornal e viu o anúncio do Pálio. No mesmo dia, por volta das 10h30, ele foi até a casa do dono do carro, na Rua Estados Unidos, Bacacheri. Segundo João, o aposentado queria vender o automóvel pelo valor de R$ 10.200,00. Ele o convenceu a ir até um mecânico, em Colombo. Na ocasião, o acusado foi conduzindo um Corsa, de propriedade de sua mulher, e o aposentado o seguiu. Ao invés de ir até o mecânico, João foi para sua casa, na Rua Joaquim Rocha, 775, Jardim Bandeirantes, a 800 metros da delegacia do Alto Maracanã. Lá propôs pagar R$ 8 mil pelo veículo, mas a vítima não aceitou. Houve discussão, momento em que João foi até a cozinha, apanhou a faca de cortar pão, voltou ao quarto – onde estava a vítima – agarrou-a pelo pescoço e desferiu um golpe. O ancião caiu e João deu mais facadas, não sabendo quantas. Na seqüência, embrulhou a vítima em um lençol, levou o corpo para fora da casa e abriu uma cova no quintal, enterrando o aposentado.

Depois do crime, o acusado limpou a casa, removendo manchas de sangue e tomou banho. "Ele ateou fogo nos documentos da vítima e jogou as cinzas no lixo", relatou Bicudo. Às 13h, João deixou sua casa em direção a Paranaguá, onde tentou vender o Fiat Pálio por R$ 7.850,00. Não conseguiu, retornou e vendeu o carro numa loja, no Portão.

O acusado disse ainda que tentou tirar a própria vida, quando descobriu que o veículo estava com queixa de roubo. Temendo que sua mulher descobrisse, ele desferiu quatro facadas no próprio peito.

Localizado carro de aposentado assassinado

No início da manhã de ontem, policiais do Alto Maracanã, em Colombo, conseguiram localizar o carro do aposentado assassinado na última quarta-feira e que teve o corpo enterrado no quintal da casa do homicida, naquele município. O Pálio placa CIW-1727 estava em uma revendedora de veículos, na Rua João Bettega, Portão, em Curitiba. Os proprietários do estabelecimento comercial, Charles Ochilinski, 23, e José Ochilinski, 68, tiveram a prisão preventiva decretada e foram encaminhados à delegacia de Alto Maracanã.

De acordo com o superintendente Valdir Bicudo, o Pálio foi vendido pelo acusado do assassinato horas depois de o crime ser cometido. O carro foi comprado por R$ 7.500,00 em dinheiro e, durante a "batida policial", foi constatado que ele já estava no pátio do estabelecimento para ser comercializado. O Pálio foi guinchado até a delegacia responsável pelas investigações. Segundo Bicudo, mesmo sabendo que o veículo era roubado, os proprietários da revenda tentaram esconder o carro nos fundos da loja, onde estava desde quarta-feira à noite.

O acusado pelo assassinato, João Everson Semeão, 32 anos, continua internado no Hospital Cajuru. Ele tentou suicídio, ferindo-se com uma faca. Policiais estão realizando escolta na porta do quarto. O superintendente informou que investiga a participação de uma segunda pessoa no crime. No entanto, o detido nega o envolvimento de mais alguém. Ainda na manhã de ontem, foi realizada, na casa do acusado, a perícia técnica a pedido do delegado. Foram encontradas manchas de sangue no quarto e corredor da moradia.

O assassinato só foi descoberto na noite de sábado, quando João tentou se matar desferindo facadas no próprio peito. Internado no Hospital Cajuru, ele comentou com familiares sobre o crime, revelando onde havia sepultado o corpo.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo