João Moraes Filho apresentou-se espontaneamente na Promotoria de Investigação Criminal (PIC), na semana passada, e confessou ser o autor da dupla execução dos investigadores da Polícia Civil Edmilson Polchlopek, 34 anos, e Rubens Ferreira Lima, 49, que aconteceu no final da noite do dia 30 de abril, no Sítio Cercado. João entregou a arma do crime, um revólver calibre 38, que foi encaminhado pelos promotores para o Instituto de Criminalística, para o exame de balística. O resultado do exame confirmou que a arma foi usada para matar as vítimas com tiros na nuca.

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Procurada pela reportagem da Tribuna, a PIC confirmou a apresentação e a confissão de João, além do resultado positivo do exame de balística, mas preferiu não dar maiores detalhes sobre o caso, limitando-se a informar que o acusado foi encaminhado à Delegacia de Homicídios, que é responsável pelo caso.

Silêncio

Apesar da apresentação ter ocorrido há alguns dias e o caso ter sido noticiado amplamente pela imprensa e ter movimentado policiais de diversas delegacias, a Delegacia de Homicídios permanece em silêncio. A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública informou que ?não há nenhuma novidade sobre o caso e que os policiais estão trabalhando?.

De acordo com informações, João teria explicado o motivo que o levou a executar os policiais, e seria esta a razão da polícia silenciar-se sobre o episódio.

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Segundo João, os policiais foram mortos porque foram até o Sítio Cercado várias vezes para extorqui-lo. Informações extra-oficiais e comentários nos meios policiais dão conta que o autor dos disparos está envolvido com roubo de cargas. Descobrindo isso, os dois investigadores passaram a exigir que ele lhes entregasse inicialmente R$ 50 mil. Após muitas ?negociações?, o valor foi reduzido para R$ 15 mil, que deveriam ser pagos em duas parcelas de R$ 7,5 mil cada uma.

Acerto

Na manhã do dia 30, Rubens teria telefonado para Polchlopek, marcando o encontro para mais tarde. Mal sabiam os investigadores que iriam cair em uma cilada. Por volta das 22h, os dois foram até o Sítio Cercado para se encontrar com o executor. Após uma breve conversa, João avisou que o dinheiro estava em sua casa. Com a viatura descaracterizada da delegacia de Almirante Tamandaré – a Parati placa ALW-1910 – eles encostaram em frente à moradia e o assassino entrou. Porém, ao invés de apanhar o dinheiro, pegou uma arma e retornou para a viatura. Os policiais deixaram o local pensando que iriam receber a primeira parcela do ?acerto?. Na Rua Arcanjo São Rafael, eles pararam o carro e antes que pudessem reagir, foram executados.

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Rubens estava lotado na delegacia de Almirante Tamandaré e Polchlopek, por estar afastado das ruas, trabalhava no grupo de Recursos Humanos da Polícia Civil, uma vez que respondia a acusações de abuso de autoridade e concussão (extorsão praticada por funcionário público).

Prossegue a ?faxina? na PC

Enquanto a Polícia Civil procura manter em sigilo o motivo da execução dos investigadores Edmilson Polchlopek e Rubens Ferreira Lima – que estariam praticando uma extorsão quando foram mortos – outros seis policiais acusados de envolvimento em atividades ilícitas foram demitidos este mês, de acordo com publicação em Diário Oficial. Em abril, outros sete já haviam sido mandados embora da instituição, por comportamento irregular.

Desta vez, a lista de demitidos é encabeçada pelos ex-policiais Rubens do Nascimento e Geraldino Cláudio Vieira, acusados de usar um carro apreendido de forma ilícita. Também perderam a função o escrivão Osmair Veras de Souza – acusado de estelionato; o investigador Christian Maximilian Gonçalves Cordeiro, por extorsão; o investigador José Andyara Newlands Infante Vieira, acusado de favorecimento ao tráfico de drogas; e o motorista Amadeu Borges da Silva, acusado de concussão (extorsão praticada por funcionário público). (MB)