Paixão, ciúmes, relações mal resolvidas, drogas, álcool, conflitos familiares, fragilidade. Todos estes fatores são pano de fundo para os assassinatos de mulheres, que chegaram a 110 casos entre janeiro e início de dezembro deste ano em Curitiba e Região Metropolitana. A maior parte das vítimas tinha entre 19 e 29 anos e morreu por disparos de arma de fogo. Foram computados homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. Os dados, reunidos pelo site Crimes Curitiba, são baseados em relatórios do Instituto Médico Legal (IML) e levantamentos em delegacias.
Foram 67 casos de morte por armas de fogo, 21 por agressão física e 16 por facadas, além de dois por enforcamento. Em outros dois os corpos foram encontrados carbonizados e os últimos dois casos aparecem como não apurados. A Cidade Industrial é o bairro da capital onde houve mais casos neste ano: 10 assassinatos. Do total de homicídios relacionados, 44 ocorreram em Curitiba, 17 em São José dos Pinhais, 11 em Colombo, 8 em Almirante Tamandaré, e outros 7 em Pinhais. De acordo com o site Crimes Curitiba, em 2010 houve o registro de 175 assassinatos de mulheres.
Tráfico de drogas
O envolvimento com o tráfico de drogas e o uso de entorpecentes vem ganhando espaço nestas estatísticas, segundo o delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Homicídios de Curitiba. “Principalmente o uso. O usuário se envolve com a criminalidade, com indivíduos sem conduta”, explica. Ele também credita ao abuso do álcool uma série de crimes.
Uma das linhas para explicar a grande quantidade de assassinatos de mulheres está ligada à entrada do sexo feminino no “mundo produtivo”, conforme análise de Lindomar Wessler Bonati, professor de sociologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). “Em uma dinâmica de competitividade, a mulher também pode se envolver em aventuras, como os crimes, o tráfico de drogas, e as disputas do poder, incluindo o ponto de vista financeiro”, avalia.