Presa por suspeita de assassinar a adolescente Paloma dos Santos Agostinho, 16 anos, para roubar-lhe seu bebê recém-nascido, Eva Cássia Ferrarezi Zeglan, 40 anos, confessou o crime, segundo a polícia.
Ela alega que comprou a criança, por R$ 1,5 mil, mas a mãe se arrependeu e, por isso, foi morta. De acordo com a polícia, este não teria sido o primeiro homicídio praticado pela mulher.
Ela é suspeita de mandar matar o genro e o próprio marido, há alguns anos. Além disso, teria participado de uma tentativa de sequestro. Em seu depoimento, a suspeita afirmou que convenceu Paloma a lhe entregar o bebê.
Na quinta-feira da semana passada, as duas saíram de Guaratuba, com a criança, e foram até São José dos Pinhais, onde Eva faria o pagamento. “Ela morou numa região próxima de onde o corpo foi encontrado, até recentemente”, disse o delegado-titular Gil Tesserolli. As informações são que a mulher teria feito um empréstimo bancário para levantar o dinheiro.
Briga
De acordo com a versão da detida, o crime aconteceu na manhã de sábado, quando Paloma desistiu de vender a criança. Elas brigaram e Eva sufocou a adolescente com um pano. Depois, desovou o corpo numa estrada rural.
“Nas duas noites que ficaram em São José dos Pinhais, a mãe e o filho dormiram no carro de Eva”, contou o delegado Hamilton da Paz, chefe da Divisão Metropolitana.
Depois do crime, a mulher pegou a criança e voltou para Guaratuba, onde se encontrou com os três filhos -uma jovem de 19 anos, um garoto de 15 e uma menina adotiva, de 5. Ainda no litoral, Eva passou em um terreiro, para se benzer, e partiu rumo ao oeste do Paraná.
Monitorada do litoral ao oeste do Estado
Átila Alberti |
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Documentos e roupas do bebê foram recolhidos no carro da suspeita. |
Paloma só foi identificada na noite de segunda-feira, dois dias após o crime. “Assim que descobrimos quem era a vítima e que morava em Guaratuba, Eva foi apontada como suspeita, porque teria sido vista com o bebê”, afirmou o delegado.
A polícia identificou o Palio da mulher e passou a monitorá-la. Ao perceber a repercussão do caso, Eva se sentiu acuada e abandonou a criança, dentro de uma igreja, em Guaraniaçu, no oeste. Junto ao bebê, deixou uma carta com informações falsas, para tentar desvirtuar as investigações.
“Ela largou o recém-nascido para tentar escapar do flagrante, mas tínhamos vários indícios e ela teve o mandado de prisão decretado”, declarou o delegado de Guaratuba, Claudimar Lúcio Lugli. Na noite de anteontem, Eva foi detida em Santa Terezinha do Itaipu, próximo à fronteira com o Paraguai, para onde estaria fugindo. No Palio da suspeita, havia fraldas, mamadeiras, roupas de bebê, certidão de nascimento da criança e documentos de identidade dos pais.
Criança
O bebê, que completou um mês de vida, deve ser devolvido ao pai, o pedreiro Jeferson de Góes, 31. A polícia afirmou que até o momento não há qualquer indício de participação do rapaz no assassinato ou na suposta venda da criança.
Outros crimes são investigados
Eva foi levada para a delegacia de São José dos Pinhais, que conduziu as investigações. A mulher deverá responder por sequestro seguido de morte. A polícia não esclareceu por que Eva queria o recém-nascido, se já tinha três filhos.
De acordo com a polícia, a detida morava no município até oito meses atrás, quando alugou uma casa no litoral. Não se sabe o motivo da mudança, mas Eva era investigada por dois homicídios, em São José do,s Pinhais.
Em um deles, é apontada como a mandante da morte do marido, Vanderlei Zeglan, 36 anos, em novembro de 2006, no Quississana. O homem era motorista de ônibus e foi executado a tiros por dois indivíduos numa motocicleta.
Genro
Eva também é suspeita de envolvimento na morte do genro, conhecido pelo apelido de “Coxinha”. Conforme explicado pela polícia, além dos homicídios, a mulher é investigada por participação numa tentativa de seqüestro, em 2005.