Vítimas agredidas, ameaçadas, espancadas e até estupradas. Cada vez mais violentos, assaltantes estão espalhando terror pela cidade. A cada relato de roubo a residência ou estabelecimento comercial, as pessoas dominadas pelos ladrões expressam o pavor a que foram submetidas.
Recentemente, uma professora foi baleada na nuca, ao sair de um agência bancária. Eram dois assaltantes e ela sobreviveu milagrosamente. Dias depois, uma comerciante de Santa Felicidade teve igual destino, levando um tiro de raspão na cabeça, ao deixar um banco na Avenida Manoel Ribas. Outra mulher, humilhada dentro de casa, passou horas nas mãos de bandidos maníacos que a violentaram sexualmente diante do filho e do marido.
As histórias que se repetem parecem contradizer uma favorável estatística divulgada pela Polícia Militar, com o resultado da Operação Escudo, que começou há quatro meses e visa colocar mais policiais nas ruas, em horários de maior movimento.
Segundo o coronel Anselmo Oliveira, comandante da Polícia Militar (PM), em um ano diminuíram 19% os crimes contra pessoas; 33% contra o patrimônio, e 45% as contravenções penais. Os dados são referente ao mês de junho, comparados ao mesmo período do ano passado. A PM não soube dar informações mais atualizadas.
Luta
O esforço contra a criminalidade parece não estar sendo fácil. São constantes os telefonemas que ao Paraná-Online recebe, de comerciantes indignados relatando os vários assaltos que seus estabelecimentos sofreram em 2008. E a cada relato, percebe-se mais violência empregada pelos bandidos. Nem crianças são poupadas da mira das armas.
Um exemplo dessa indignação é do gerente de um posto de combustível no Campina do Siqueira, Calimério Giroto. O estabelecimento fica na Rua Major Heitor Guimarães e já sofreu três assaltos este ano. Em sete anos de funcionamento foram oito.
Giroto conta que, sexta-feira retrasada, sofreu o último roubo, gravado pelas câmeras de segurança. Eram 7h21, fazia pouco mais de meia hora que o posto estava aberto. Dois homens armados chegaram e um deles abordou um cliente e um funcionário.
O outro entrou na loja de conveniências e rendeu outro funcionário, que sem reagir, entregou os R$ 400,00 do caixa. O bandido achou pouco. Levou mais três litros de uísque e doces. Depois os dois fugiram em direção a uma favela atrás do Carrefour, levando também o celular do cliente. Não sem antes fazer algumas ameaças.
O que surpreendeu neste roubo, diz o gerente, é que os indivíduos aparentavam cerca de 30 anos. Os outros assaltos, em geral, eram cometidos por adolescentes. “Chamamos a PM tão logo os bandidos saíram. Mas como os policiais estavam em horário de troca de equipes, chegaram aqui já passava das 8h.”
Garota na mira da pistola
Apesar da aprovação da população, em ver mais policiais nas ruas nos horários de “pico”, os marginais parecem não dar trégua. Em Pinhais, onde a Operação Escudo já foi implantada, um assalto no final da tarde deixou uma criança de 10 anos sob a mira de um revólver, e uma mãe traumatizada com a cena.
O assalto foi contra uma loja de tintas, no Atuba, na entrada para o conjunto Alphaville, há pouco mais de uma semana. Por volta das 18h, uma funcionária aguardava a chegada da filha que vinha da escola, em frente ao estabelecimento.
Dois bandidos armados entraram e agarraram a menina, de 10 anos, pela blusa, e colocaram uma pistola na cabeça dela. Depois de roubarem cerca de R$ 150,00 do caixa e celulares de clientes, fugiram num Pálio cinza. É possível que um terceiro bandido tenha participado do crime.
Um dos donos da loja contou que não é o único a sofrer com os roubos. Tiveram até sorte, pois em 13 anos, foi o segundo assalto que sofreram. No entanto, é o segundo só nos últimos quatro meses.