Postos com medo

Assaltos diários complicam trabalho nos postos combustíveis

Os cerca de 5 mil trabalhadores dos postos de combustíveis de Curitiba e região metropolitana convivem com medo dos assaltos diários. De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis (Sindicombustíveis-PR), pelo menos quatro postos são assaltados por dia na capital. “Com certeza esse dado é maior, pois nem todos os donos de postos fazem o boletim de ocorrência”, afirma Roberto Fregonese, presidente do Sindicombustíveis-PR.

O Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo de Curitiba (Sinpospetro) não tem estatísticas sobre a violência nos estabelecimentos. A Secretaria de Estado de Segurança Pública também não detalha essa modalidade de roubo.

Atenção

O delegado operacional da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba, Rodrigo Souza, confirma que não há uma base de dados relacionada aos assaltos a postos de combustíveis na capital, mas confirma que se trata de um tipo de crime recorrente. “Na delegacia recebemos apenas os boletins de ocorrências, mas é sim um problema real. Tanto que temos uma equipe dedicada à investigação desses casos”, diz Souza.

Mesmo sem um dado específico sobre o número de roubos nos postos da capital, o problema atrapalha o setor. Segundo Laírson Sena, presidente do Sinpospetro, os trabalhadores trabalham com o constante medo de ser atacados por bandidos. “É um problema sério para a nossa classe, talvez um dos principais. Grande parte das demissões ocorre porque os trabalhadores não querem mais se expor a esse tipo de coisa”, alerta.

Esforço

Reginaldo Barbosa, 25 anos, é frentista em um posto de combustível da capital. Ele conta que nunca precisou pedir demissão por se sentir inseguro, mas confessa que sempre espera o pior. “Somos orientados a não reagir e a entregar tudo para o ladrão. Nunca passei por uma situação extrema, como outros colegas já passaram, mas nunca sabemos o que vai acontecer. É ruim trabalhar desse jeito”.

Para os donos de postos de combustíveis, os assaltos têm gerado problemas de contratação e reposição de pessoal. “Hoje, um frentista sofre um assalto e logo depois pede demissão. Ninguém quer trabalhar nessas circunstâncias. Por mais que os postos contem com sistemas modernos de segurança, com cofres ultrasseguros e câmeras de monitoramento, os roubos têm acontecido”, constata Fregonese.