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Nivaldo estava em um carro roubado, junto com Clóvis. continua após a publicidade |
Quase duas décadas depois de figurar entre os bandidos mais perigosos do Paraná, Nivaldo da Silva Savagim, 50 anos, volta às páginas policiais. Ele foi preso, no final da manhã de ontem, por policiais militares, quando trafegava com um carro roubado pelas ruas da Cidade Industrial. Nos anos 70, ele e dois irmãos aterrorizavam o Estado.
De acordo com o tenente André, do 13.º Batalhão da PM, os policiais patrulhavam a Rua Pedro Gusso, quando avistaram o Palio Weekend placa MCR -7655, de Florianópolis (SC), com alerta de roubo. Tentaram abordar o carro, ocupado por Savagim e por Clóvis da Cruz, 52, quando a dupla apontou armas para os PMs. Foi o que bastou para os policiais começarem a atirar.
Savagim e o comparsa jogaram pela janela do automóvel uma pochete, onde estariam as armas, e se entregaram. ?Na delegacia, descobrimos que, no sábado, eles tinham usado o carro para assaltar uma lotérica. Os dois foram reconhecidos pela vítima?, contou o policial.
Devido à ficha criminal extensa e por ser considerado de alta periculosidade, a polícia desconfia que ele planejava um assalto quando foi preso. Mas Savagim negou as suspeitas e, em seu interrogatório, disse que comprou o veículo há cinco dias na ?pedra da Fazendinha? e não sabia que era roubado. ?Ele tem 13 passagens na polícia e o comparsa dele, 18. Savagim levou 11 tiros no massacre do Carandiru, o que o deixou com problemas de saúde. Mesmo assim, não desistiu dos crimes?, contou o superintendente da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), Edson Costa.
Notoriedade
O sobrenome Savagim ficou conhecido em 1977, quando os irmãos Nivaldo e Nelson assaltaram o Moinho Percegona, situado na Avenida República Argentina, Portão, e mataram os irmãos Luís, na época com 49 anos, e Clemente Percegona, 45. Tissiano, irmão gêmeo de Clemente, levou um tiro no pescoço e ficou paralítico.
Mas a notoriedade veio com a rebelião na Penitenciária Central do Estado (PCE), em dezembro de 1982, liderada por Nivaldo Savagim e seu irmão Nelson. Em 8 de março de 1984, Nelson morreu com cerca de 50 estocadas, quando estava preso na PCE. Nivaldo foi colocado em liberdade no mesmo dia e foi quem liberou o corpo do irmão no Instituto Médico-Legal (IML). Os dois eram jurados de morte com freqüência.
Penas e mais penas
Em 1973, Nivaldo teve sua primeira condenação por homicídio e roubo e recebeu pena de 19 anos e oito meses de prisão. Dois anos depois, foi condenado pela Justiça de Ponta Grossa a 19 anos por roubo. Assim que deixou a Colônia Penal Agrícola, em 1984, veio mais uma condenação de 9 anos, por roubo.
Em 1989, foi condenado por falsidade ideológica e por uso de documento falso a uma pena de 4 anos em Curitiba. No mesmo ano também foi condenado a 10 anos e seis meses por roubo. Apesar de todas as condenações, saiu da cadeia em 2005, por força de habeas corpus.
Neste período, Nivaldo começou a cursar Direito e está no 3.º ano em uma faculdade em Taubaté (SP). A polícia desconfia que as mensalidades de seu curso sejam financiadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), que costuma fazer isso para que os criminosos defendam uns aos outros.