O crime organizado sofreu um grande golpe em sua articulação na noite de terça-feira. José Reinaldo Giroti, mais conhecido por ?Alemão? ou ?Xuxa?, foi preso em Londrina por policiais federais de Curitiba. Em seu poder, estava uma carteira de identidade falsa e fotocópias de documentos de identidade também falsificados. Por esse motivo, ele foi autuado em flagrante. Porém, de acordo com o superintendente da Polícia Federal, Jaber Saadi, ?Alemão? é um dos homens mais procurados do Brasil pelo seu envolvimento em vários roubos contra bancos em diversas regiões do País.
O dinheiro arrecadado nos golpes serve, segundo a PF, para financiar ações criminosas do Primeiro Comando da Capital (PCC). Saadi contou que o detido tem ativa participação na facção criminosa e, em suas ações, participaram conhecidos integrantes do PCC.
Jóias e 17 identidades usadas pra ?uma vida tranqüila?. |
?Alemão? é considerado pela polícia como de alta periculosidade.
Ele responde a 30 processos criminais, 25 inquéritos e tem 15 mandados de prisão expedidos pela Justiça, em vários estados. O nome dele figurava no topo da lista dos procurados pela Polícia Federal e agentes tentavam capturá-lo há cinco anos. Estima-se que, em mais de dez anos de atuação, os golpes aplicados por ?Alemão? tenham rendido a seu grupo mais de R$ 100 milhões.
O preso também é apontado como o mentor e participante do roubo contra a agência da Caixa Econômica Federal, no Bacacheri, em 26 de outubro.
Chacal
Policiais federais de Curitiba viajaram até Londrina para dar continuidade a operação denominada ?Chacal? – nome relacionado ao personagem que conseguia se esconder da polícia utilizando disfarces, documentos falsos e não tinha residência fixa. Pelas informações da polícia, ?Alemão? usava, periodicamente, 17 identidades falsas e, com elas, conseguia levar sua vida tranqüilamente, inclusive adquirindo carros e casas.
A PF continua as buscas pelos demais integrantes da quadrilha.
Preso no caixa do supermercado
A prisão ocorreu no momento em que o procurado pagava sua conta no caixa de um supermercado, situado dentro do shopping Catuaí, em Londrina. Ele estava hospedado em um hotel da cidade, juntamente com a esposa e filhos. Recentemente, ?Alemão? havia comprado uma casa em Londrina, avaliada em R$1 milhão, situada no Residencial Alphaville, e que estava sendo preparada para a instalação de sua família. ?Não houve reação. Ele estava sozinho e não portava arma?, explicou o superintendente da PF.
Segundo o delegado Franceschini, foram apreendidos jóias, provavelmente objetos de roubo, e dois carros comprados recentemente com o uso de nome falso (um Fiat Strada e uma camioneta Pajero).
Giroti é considerado um dos principais financiadores do crime organizado.
Famílias seqüestradas
Giroti é apontado como o principal planejador de assaltos contra agências da Caixa Econômica Federal, em todo o país. Seu modo de agir consiste em seqüestrar familiares de gerentes de banco e empresas de segurança bancária para concretizar os roubos – basicamente o crime de extorsão mediante seqüestro.
Um dos maiores assaltos realizados pela quadrilha de Giroti ocorreu em Brasília, em 2001. Oficialmente foram retirados de uma agência bancária R$ 5 milhões, mas informalmente foi divulgado que, dos cofres de particulares, foram subtraídas altas quantias de moedas estrangeiras como dólares e euros, totalizando cerca de R$40 milhões.
Bacacheri
Para concretizar o assalto contra a Caixa da Avenida Erasto Gaertner (Bacacheri), os marginais invadiram a casa do gerente operacional de uma empresa de segurança e renderam toda a família. Em seguida, todos foram levados para a sede da empresa de segurança, na Água Verde, onde mais funcionários foram feitos reféns. Metade da quadrilha permaneceu vigiando as vítimas, enquanto os demais integrantes retiraram jóias avaliadas em R$ 3 milhões. Os reféns permaneceram durante seis horas sob a mira de armas.
?Amizades? dentro do PCC
Devido a sua periculosidade, Giroti foi transferido de avião (cedido pelo governo do estado) de Londrina para a superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Ele permanecerá por aqui somente o tempo necessário para que seja transferido para uma penitenciária de segurança máxima, provavelmente o Presídio Federal de Catanduvas, oeste do Paraná. A precaução na transferência do preso tem seus motivos, pois Giroti já foi alvo de arrebatamento por integrantes de sua facção criminosa, em São Paulo.
No decorrer de sua vida criminosa, o detido já teve como parceiros de roubo a banco Marcos Willians Herbas Camacho (Marcola), líder do PCC, e atualmente preso no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes (SP).