O advogado Elias Mattar Assad entregou nesta quinta-feira (11) no Tribunal do Júri a defesa preliminar da médica Virgínia Soares de Souza, acusada de antecipar mortes na UTI do Hospital Evangélico. No documento, Assad solicita a exumação dos sete corpos citados no processo contra a médica. Ele também sugeriu que as denúncias fazem parte de um complô com objetivos econômicos.
A intenção das exumações é comprovar a causa dos óbitos em cada caso. Nesta semana, a revista Veja divulgou a análise da Polícia Científica do Paraná, indicando que a médica assinou 346 prescrições de medicamentos na UTI entre janeiro de 2006 e 8 de fevereiro de 2013. Deste total, 317 pacientes morreram no mesmo dia. “Se precisar, vou pedir a exumação de todos os corpos para provar a inexistência do fato criminoso”, afirmou Assad.
Testemunhas
Na defesa preliminar, o advogado citou 64 testemunhas para a defesa da médica. Não há prazo definido para que elas sejam ouvidas pelo juiz. O advogado ainda solicitou a impugnação de provas, entre elas as gravações e as informações dos prontuários médicos.
Assad lembrou a troca de uma palavra no inquérito, que chegou a constar o termo “assassinar”, quando a gravação indicava a palavra “raciocinar”. “Os prontuários foram apreendidos e não foram deixados os originais no hospital, o que leva a supor que os mesmos não merecem fé. Quem pode trocar termos poderá também alterar prontuários”, avaliou o advogado.
Bomba
A defesa preliminar contém uma testemunha sigilosa, que seria o autor de duas cartas enviadas ao advogado. Os documentos relatam os bastidores das investigações policiais. Segundo Assad, as cartas foram enviadas por uma pessoa de São Paulo, que teria o conhecimento do interesse de um grupo paulista do setor de educação superior interessado em entrar no segmento de saúde.
“A partir de 2010, montaram uma operação com o objetivo de adquirir de qualquer custo e até sem custo algum hospital em Curitiba, de preferência universitário. Escolheram o Evangélico como alvo”, diz a testemunha no trecho da carta divulgada pela defesa da médica.
Segundo Assad, a carta diz que o grupo levantou todas as informações possíveis sobre o hospital. “Convergiram para um ponto de ódio e encontraram a doutora Virgínia, que tinha um temperamento forte e que trabalhava na UTI”, afirmou o advogado.