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Artista plástica é condenada por morte de doméstica

Depois de 22 anos de espera, o julgamento da artista plástica Vanda Pepiliasco foi concluído. Ela foi condenada a oito anos e meio de prisão em regime semiaberto pelo assassinato da empregada doméstica Cleonice de Fátima Rosa, cometido em 10 de julho de 1993. A sentença foi proferida por volta das 20h de terça-feira (12).

O júri começou pela manhã após diversos adiamentos. O último foi em março deste ano, quando uma das testemunhas não pode comparecer ao julgamento. Durante a manhã, defesa e acusação tiveram tempo para expor seus argumentos.

A principal prova levada pela promotoria era um laudo que mostrava compatibilidade entre um fio de cabelo encontrado na mão de Cleonice e o tipo sanguíneo de Vanda. Já a defesa tentava desmontar o argumento apontando erros na perícia e na coleta das provas.

Um dos pontos mais fortes da fala do promotor Ronaldo Braga foi a apresentação de laudos que comprovariam o envolvimento do filho de Vanda, Leonardo, no assassinato. À época ele tinha 14 anos.

Segundo Braga, o filho de Vanda teria chegado de madrugada no prédio e subido pelo elevador de serviço que dava acesso aos aposentos de Cleonice. De acordo com a apuração, os ferimentos de Leonardo eram correspondentes às marcas no corpo de Cleonice.

“Leonardo segurou Cleonice e Vanda cortou o pescoço da moça”, acusou o promotor. O advogado da ré, Walter Bittar, insistiu que a perícia na cena do crime foi deficiente e não permite comprovação das suspeitas.

De forma teatral, Bittar exibiu aos jurados uma fita de 40 cm dando a entender que Vanda nunca teve cabelos longos – sempre foram curtos, inclusive na época do crime. O defensor também alegou que não sabe “quem oficialmente recolheu o material incriminatório”.

Por volta das 12h30 Vanda falou perante os jurados. Ela contou à juíza que foi avisada sobre a morte da empregada por Luzia Colombo – amiga de Cleonice e a primeira a ser apontada como autora do crime.

Luzia chegou a confessar o crime, de acordo com o Ministério Público, sob tortura policial. Segundo familiares, 22 anos após o crime, Luzia ainda sofre as consequências de ter sido presa e forçada a confessar a autoria do crime.

Já era noite quando os votos dos jurados foram abertos. A contagem parou em quatro favoráveis à condenação – maioria absoluta entre os sete jurados, seis mulheres e um homem. A sentença, oito anos e meio em regime semiaberto, vai ser motivo de recursos tanto da promotoria quanto da defesa.

“O mais importante é a condenação. É a resposta que a sociedade londrinense deu a um caso que se arrastava há mais de duas décadas. Isso é um passo muito importante, mas acreditamos que essa pena pode ser aumentada pelo Tribunal de Justiça”, apontou o promotor Ronaldo Braga.

Ele também confirmou à reportagem que vai pedir o cumprimento da pena em regime fechado. Walter Bittar explicou ao JL que há um pedido de desaforamento do julgamento, para que um nosso júri seja convocado fora de Londrina.

Nesse caso, o julgamento desta terça-feira seria anulado. Ele também confirmou que vai recorrer da sentença. A juíza Elizabeth Kather, da 1ª Vara Criminal, se disse feliz por ter concluído o julgamento.

“Não é porque houve a condenação. Foi uma felicidade porque depois de 22 anos eu cumpri a minha missão”, disse, em rápida entrevista por telefone ao fim do julgamento.

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