A carreira da renomada artista plástica Irene Rolek, 87 anos, foi interrompida pela crueldade de três marginais. Na madrugada de ontem, eles invadiram a casa dela, na Rua Ermelino de Leão, Alto São Francisco, e a espancaram brutalmente, provocando sua morte. Irene morava há 30 anos naquele local, com a irmã Sophia Rolek, 86, também agredida.

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Os bandidos entraram pelo telhado e despencaram pelo forro tomado por cupins. Caíram no quarto de Irene e a torturaram até a morte. Sophia também foi agredida e está internada no Hospital Evangélico, em estado de choque. Os bandidos conseguiram fugir, deixando para trás um par de tênis manchado de sangue e um revólver calibre 38.

O crime ocorreu por volta das 2h da madrugada. As irmãs dormiam quando os criminosos invadiram a antiga moradia. Caminharam pelo forro sobre o quarto de Sophia até chegar ao de Irene. Ali, a madeira não suportou o peso e eles depencaram para dentro do quarto da artista.

A casa das vítimas foi invadida pelo telhado.

Com instintos selvagens atacaram Irene, que foi espancada, assim como sua irmã, que estava no outro cômodo. Os gritos alertaram os vizinhos, que chamaram a polícia.

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Foram chutes e socos na cabeça até a artista plástica sofrer um ataque cardíaco e morrer no chão, ao lado da cama. Os marginais reviraram o quarto à procura de dinheiro, jóias e outros bens.

Fuga

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Quando policiais militares chegaram, os bandidos estavam fugindo pelo telhado de casas vizinhas. Andaram por em cima do Museu Paranaense, pularam para o chão e sairam correndo. Na queda, um dos assaltantes perdeu um pé de tênis e um revólver calibre 38.

O outro pé do calçado, manchado de sangue, foi encontrado junto ao chafariz da Praça Garibaldi. Não se sabe se o marginal se machucou na queda ou se o sangue era das vítimas.

Enquanto estava sendo socorrida, Sophia teria dito que alguns homens estiveram na casa de dia, para instalar uma torneira, o que, segundo ela, poderia ser um subterfúgio para sondar o local.

De acordo com o delegado Luís Carlos de Oliveira, titular da Delegacia de Furtos e Roubos, esta informação não foi confirmada. Ele espera Sophia se recuperar para poder conversar e obter outros detalhes. Até a noite de ontem a polícia não tinha pista dos assassinos.

Sophia foi medicada pelo Siate e hospitalizada.

Nas paredes, uma vida

Irene, em foto antiga, não resistiu à agressão.

Nas paredes da antiga casa os quadros da artista plástica Irene Rolek, 87, disputavam espaço. Ela e a irmã, Sophia Rolek, 86, ambas farmacêuticas, formadas em uma das primeiras turmas da Universidade Federal do Paraná, nunca se separaram. Nasceram em Mallet, no interior do Estado, e vieram estudar na capital. Não tinham irmãos, não casaram nem tiveram filhos.

Depois do crime, a prima delas, Halina Paulo, 74, foi com o filho até a casa em busca de documentos de Irene para liberar o corpo no Instituto Médico-Legal. Ela contou que as duas eram mulheres reservadas e não costumavam receber visitas. “Sophia passa o dia lendo e assistindo televisão e Irene pintava seus quadros”, contou Halina.

As duas eram aposentadas. Parte da renda de Irene vinha da venda de suas obras, às quais se dedicava desde a juventude. Muitas delas foram premiadas internacionalmente. Já Sophia trabalhou durante muitos anos da Rede Ferroviária Federal. Sepa,radas pela tragédia, a sobrevivente está em choque.

“Ela mal consegue falar. Disse-me apenas que o que aconteceu foi uma tragédia. Agora vou levá-la para morar comigo”, contou Halina, enquanto mostrava tristonha, mas com certo orgulho, os quadros pintados pela prima.

Bandidos perderam o tênis…

… e um revólver na fuga.