Os cinco integrantes da batizada “quadrilha dos motociclistas” presos pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) em 14 de março último, continuam sendo investigados. Ontem, o delegado responsável pelo caso, Sebastião dos Santos Neto, divulgou um resultado parcial das diligências. Foram instaurados 23 inquéritos policiais onde houve reconhecimento positivo de pelo menos um dos presos em cada uma das 23 ações. Além disso, três exames de balística realizados pela polícia acusam a participação da quadrilha nos roubos. Outros dez casos ainda estão sendo averiguados. Os assaltos já imputados à quadrilha renderam mais de R$ 500 mil ao grupo.
Diante das provas apuradas, o delegado informou que irá requerer prisão preventiva dos cinco acusados nos 23 inquéritos. “Todos responderão pelos 23 roubos em que foram reconhecidos”, explicou. Estão presos: Nelson Luiz Souza Guidolin (que possui dois mandados de prisão por roubo), Willian Fernandes Diniz, Douglas de Araújo (ex-presidiários de São Paulo), Jeferson Andrade da Silva e Caio José Cardoso Furtado.
As investigações ainda terão desdobramentos. Os carros importados e as motocicletas apreendidas em poder da quadrilha estão a disposição da Justiça. “Provavelmente foram adquiridas com o dinheiro dos roubos e, após o julgamento dos crimes, os veículos deverão ser leiloados”, explicou Sebastião.
Latrocínio
Um dos casos de maior repercussão se refere ao latrocínio ocorrido em 15 de janeiro deste ano, que resultou na morte da empresária Taciana Ábila. Ela foi assassinada dentro do carro ao chegar em sua residência. A dupla de motociclistas que a matou arrecadou R$ 99 mil no roubo, dinheiro referente ao saque que ela tinha feito em uma agência bancária no Bacacheri.
Uma testemunha reconheceu o BMW, placa IDC-3629, de propriedade de Douglas e a motocicleta CB-500, placa CWA-6631, propriedade de Caio, como os veículos utilizados no latrocínio. Os veículos estão apreendidos. Douglas também foi reconhecido como a pessoa que estava dentro do banco – o “olheiro”- no momento em que Taciana fazia a retirada do dinheiro. As diligências, neste caso, foram acompanhadas pelo Ministério Público.
Em todas as ocorrências investigadas até agora, cerca de 11 vítimas foram baleadas ou tiveram seus carros alvejados por disparos de arma de fogo durante a abordagem. Conforme Sebastião, cada caso será investigado separadamente, o que pode resultar em diversas acusações contra os membros da quadrilha.(CB)
Violência e organização
A quadrilha dos motociclistas é suspeita de ter realizado pelo menos 30 roubos, nos quais 11 pessoas foram baleadas e duas assassinadas: a empresária Taciana Ábila, em 15 de janeiro, e Ana Valeria Klagenberg, em 21 de fevereiro.Um dos integrantes, chamado de “olheiro”, agia bem vestido e movimentava uma conta-corrente em um banco para poder observar os clientes. Devido aos valores altos com que trabalhava, tinha acesso à tesouraria. Lá, identificava correntistas que sacavam grandes quantias e passava as características deles para os comparsas, através do telefone celular.
Fora da agência, outros integrantes da quadrilha seguiam a vítima até o veículo dela e informavam o modelo e placa para cúmplices que aguardavam nas imediações de motocicleta. Estes tinham a missão de fazer a abordagem e concretizar o assalto.
O ataque era também acompanhado por outro Indivíduo, que ficavam em um carro para dar cobertura. A abordagem era feita de forma violenta. O garupa da motocicleta dava voz de assalto e se a vítima não entregasse o dinheiro era baleada. A organização era tamanha que a quadrilha tinha o cuidado de trocar de motocicleta a cada três assaltos. Eles vendiam as motocicletas para não chamar a atenção e assim dificultavam o trabalho da polícia. Há informação que o grupo trocou quinze motocicletas em casas de revenda de veículos em Curitiba.