Apreensão de crack é a maior da história do Paraná

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Wilson e Sérgio, apanhados na maior apreensão de crack da Datox.

A maior apreensão de crack já registrada em Curitiba foi realizada por policiais da Delegacia de Antitóxicos (Datox) na última quarta-feira. Aproximadamente um quilo de crack (puro) foi apreendido e dois homens – identificados como Wilson José de Oliveira Franco e Sérgio Dias Batista, ambos com 45 anos -, foram presos em flagrante enquanto manipulavam o entorpecente dentro de uma residência no Xaxim. De acordo com a polícia, Wilson é apontado como o principal distribuidor de drogas para aquele bairro e Sérgio seria seu "braço direito". Foram necessários três meses de investigação para que as prisões pudessem ocorrer.

Segundo o delegado Wallace Castro, as informações passadas pela população, através dos telefones 181 (Narcodenúncia) e 197 (Polícia Civil), foram primordiais para o sucesso da operação. Foi relatado que a mulher de Wilson era mantida sob cárcere privado dentro da própria residência. Os filhos do casal também eram coagidos e ameaçados pelo pai, caso contassem para alguém sobre o tráfico de drogas. "A família era terminantemente proibida de entrar no quarto de Wilson, pois era lá que as drogas eram batizadas e embaladas", explicou o delegado.

Prisão

No final da tarde de quarta-feira, investigadores da Datox e do Grupo Fera se deslocaram até o endereço, no Xaxim, onde funcionava uma pequena fábrica de placas e painéis para publicidade. Na residência dos fundos, morava a família de Wilson. Com a invasão da moradia, os policiais flagraram em um dos quartos Wilson e Sérgio "batizando" o crack, efetuando a prisão. No local foram apreendidos R$ 15.741,00 em dinheiro, duas balanças de precisão, aparelhos celulares, folhas de cheques de terceiros, produtos para o batismo da droga, uma arma de brinquedo e cartucho de revólver calibre 38. A grande surpresa veio com a apreensão da droga. 960 gramas de crack que, conforme cálculos da polícia, representam o equivalente a 30 mil pedras de crack. Essa quantidade poderia dobrar quando a droga fosse batizada. Isso significa que os traficantes lucrariam com a venda do entorpecente aproximadamente R$ 600 mil, caso cada pedra fosse comercializada a R$ 10,00.

De acordo com Wallace, para se ter idéia da dimensão dessa apreensão, nos últimos meses de trabalho da Divisão de Narcóticos, a maior apreensão aconteceu em março de 2004, quando foram encontradas 60 gramas de crack em uma casa noturna, na região central de Curitiba. "Em média as apreensões são de 10 a 20 gramas por vez. Realizamos cerca de quatro apreensões dessas por mês, o equivalente a 80 gramas", contou.

Ameaças

Os policiais também encontraram na casa a mulher de Wilson, que confirmou a história do cárcere privado e dos maus tratos. Ela prestou depoimento na Datox e depois foi liberada. A polícia acredita que a mulher vivia nessa condição há mais de um ano. "Pelas denúncias, ela estava sob cárcere privado, no mínimo, desde janeiro do ano passado", disse o delegado. No depoimento, Wilson foi denunciado por espancar a esposa e mantê-la presa. Ela e seus cinco filhos, sendo duas crianças e três adolescentes, eram ameaçados de morte.

Wilson confessou à polícia a venda da droga e disse que preparava e embalava pessoalmente o crack, conforme foi flagrado pelos agentes da Datox. Ele já tem antecedente por tráfico e foi preso em 1982 pela Polícia Federal com quase dois quilos de maconha. Além desses crimes, Wilson também responderá por cárcere privado e maus tratos, o que lhe renderá, certamente, um acréscimo na pena.

Agora a Datox investiga como o traficante fazia o esquema de distribuição da droga no Xaxim e se o crack era levado para outros bairros da capital. "Vamos investigar para saber sobre o envolvimento de outras pessoas e a origem da droga", afirmou Wallace.

Droga batizada

O mal produzido pelo consumo de entorpecentes ao organismo pode ganhar dimensões maiores quando o viciado ingere drogas batizadas, o que ocorre na maioria das vezes. Os traficantes não comercializam drogas puras. Elas são misturadas a outras substâncias para render mais e, conseqüentemente, aumentar o lucro. Prova disso foi registrada pela Delegacia Antitóxicos na apreensão de 960 gramas de crack. Wilson e Sérgio foram flagrados no momento em que estavam preparando o batismo da droga pura. Para isso eles utilizavam álcool ou solvente para derreter a droga e depois misturavam bicarbonato e até mesmo areia para aumentar a quantidade do tóxico a ser vendido, conforme explicou o delegado. Como resultado, eles obteriam quase dois quilos de droga misturada, e o lucro com a venda duplicaria.

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