Com requintes de crueldade, a aposentada Maria Trindade de Andrade, 71 anos, foi assassinada com mais de 16 facadas no início da madrugada de ontem, em sua casa, na Rua João Maria Ribas, 38, no bairro Santa Quitéria. Os criminosos levaram a televisão, o vIdeocassete e o dinheiro que havia na carteira da mulher. Depois saíram do local e deixaram a casa aberta.
Quem estranhou o portão aberto foi um pedreiro, que chegou por volta das 7h30 para dar continuidade às obras no fundo da residência. Ele contou aos policiais militares que, além do portão, a porta da sala também estava aberta. Estranhou o fato e chamou por Maria Trindade. Sem resposta, o homem foi entrando na moradia e encontrou a casa revirada. Ao entrar no quarto, o pedreiro viu, ao lado da cama, o corpo da mulher perfurado por vários golpes de faca, com as vísceras para fora. ?Foram 14 facadas na barriga, no pescoço e no peito. Deram muitas nos braços e nas mãos. Ela tentou se defender?, disse a perita Jussara Joecker. Chocado com a cena, o pedreiro comunicou os familiares da vítima. ?Quando cheguei para trabalhar, o filho estava desesperado e falou: ?Venha ver o que fizeram com a minha mãe??, contou Nair dos Santos Escolaço, que presta serviços em uma casa em frente à moradia.
Convidados
Maria Trindade era uma pessoa muita querida por todos. Ela costumava dar comida para mendigos e distribuía doces e quitutes para a vizinhança. A mulher havia se mudado para o local há pouco tempo. Antes residia em uma casa na Rua Divina Providência, próximo dali. Mãe de três filhos, Maria Trindade morava sozinha. Ela freqüentava a Igreja Presbiteriana, gostava de ajudar as pessoas e tinha como companhia vários gatos.
A polícia acredita que Maria Trindade convidou os assassinos para entrar, já que não havia sinais de arrombamento, e deve ter oferecido alimentos, pois havia pratos na mesa. ?Os autores atacaram a mulher na cozinha, no início da madrugada. Depois a arrastaram para o dormitório e tentaram colocar o corpo embaixo da cama. Eles tiveram calma e tempo, pois reviraram toda a moradia, provavelmente à procura de dinheiro?, relatou Jussara. Ela disse que a carteira da vítima estava jogada e rasgada e não continha nenhum dinheiro.
Suspeito
Policiais da Delegacia de Homicídios estiveram no local e apuraram que um dos pedreiros não compareceu para trabalhar na manhã de sábado. O homem, que não teve o nome divulgado, passou a figurar como um dos suspeitos do assassinato. Outra linha de investigação é a de que os assassinos são andarilhos da região, que Maria Trindade costumava ajudar. ?Eles sempre estavam por aí. Ela dava comida. Era uma pessoa boa e generosa e sempre trazia doces para as crianças. Minha mulher gostava muito dela e sempre dizia que era perigoso a dona Trindade ficar ajudando estas pessoas?, comentou um vizinho. O caso será investigado pela Delegacia de Furtos de Roubos.