Sequestrado no centro do Rio de Janeiro e obrigado a dirigir por 27 quilômetros até uma favela na zona norte, o motorista de táxi Rodrigo Otávio Gonçalves Gomes continuou a sofrer depois de ser liberado pelos criminosos.
Depois de, sob a mira de arma, ter guiado o veículo enquanto os assaltantes atacavam transeuntes, o motorista teve de peregrinar por cinco delegacias até conseguir registrar o caso. Nas quatro primeiras tentativas, foi informado de que uma pane no sistema de impressão do boletim de ocorrência impedia o registro.
Rodrigo passou pelas delegacias de Campo Grande, Bangu, Realengo (zona oeste) e Méier (zona norte). Todas estavam com o mesmo problema. Finalmente, conseguiu registrar o sequestro na 5ª DP (Mem de Sá), no Centro.
Até obter o documento percorreu mais 90 quilômetros. Ele disse que tinha a preocupação de registrar o sequestro rapidamente para que seu carro e seu nome não fossem indevidamente ligados aos crimes cometidos pelos bandidos no trajeto.
O taxista contou que foi rendido na madrugada deste sábado, 1º, na Lapa e, com um revólver apontado para a cabeça, teve que dirigir até o bairro de Quintino. No trajeto, parou várias vezes para que os assaltantes roubassem pedestres.
De Quintino, levou os bandidos até o complexo de favelas da Maré. Ali, eles saltaram, na altura da comunidade de Vila do João. Às 9h deste sábado, o taxista conseguiu registrar o caso, mas ainda aguardava a perícia em seu táxi.
Segundo Rodrigo, os dois bandidos, jovens e bem vestidos, fingiram ser passageiros, pediram para ir a Copacabana (zona sul), mas anunciaram o sequestro na altura do Aterro do Flamengo.
“Eles entraram no carro e, antes de pegarmos o Aterro do Flamengo, me mostraram uma pistola e mandaram seguir para Madureira, pela Avenida Presidente Vargas. Lá, assaltaram dois homens que estavam em um ponto de ônibus. Na Rua Vinte e Quatro de Maio, assaltaram um grupo que estava andando.
Peguei a Linha Amarela e eles me falaram para deixá-los na entrada da Vila do João. Levaram meu celular e R$ 480″, disse Rodrigo à TV Globo. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que o motorista deveria ter feito o registro e voltado depois à delegacia para buscar a cópia impressa da ocorrência.