Foto: João de Noronha |
Anderson ficou em silêncio e Adriano se escondeu. Marcos está foragido. continua após a publicidade |
A Delegacia de Homicídios apresentou ontem dois acusados de assassinar o promotor de Justiça Roberto Moellmann Gonçalves Barros, 39 anos, na última quinta-feira. Adriano Allpinhak da Silva, 27 anos, amigo da vítima há oito anos, se entregou à polícia na sexta-feira à noite e é acusado de ser o mentor do crime. Segundo a polícia, ele é réu confesso e entregou seus dois comparsas, Anderson Marola, 29 anos, detido no domingo, e um indivíduo identificado apenas como Marcos. Este último está foragido, e teve seu retrato falado confeccionado com a ajuda de Adriano.
Segundo a polícia, o promotor foi vítima de latrocínio (roubo com morte), já que R$ 1.500,00 foram sacados de duas contas bancárias de Roberto, horas depois do assassinato.
Alguns objetos também foram levados da residência da vítima. O delegado Aprígio Paulo de Andrade Cardoso, titular da DH, revelou que a ajuda da empregada que trabalhava na casa do promotor foi fundamental para a elucidação do crime. Ela suspeitou que Adriano esteve na casa na noite do crime. Também trabalharam na elucidação do crime os delegados Paulo Padilha e Jaime da Luz.
Fuga
Logo que percebeu que a polícia estava em seu encalço, Adriano colocou sua mulher e seus filhos no carro que usou na noite do crime e fugiu de Curitiba. No caminho, encontrou com um investigador do 12.º Distrito Policial, onde Adriano esteve preso por porte ilegal de arma. Amigos e freqüentadores da mesma igreja, o investigador convenceu Adriano a se entregar. Antes de se apresentar na DH, o rapaz negociou com Cardoso sua integridade física e de sua família, e que a imprensa não estivesse presente.
A prisão de Adriano aconteceu na noite de sexta-feira, e seu interrogatório durou até as 5h de sábado. Ele confessou o crime, disse que tinha amizade com o promotor e que os dois já tinham jantado e se divertido diversas vezes. Ele deu à polícia os nomes de seus dois comparsas. Anderson foi preso no domingo pela manhã, e teria recebido uma arma de Adriano, para cometer o assalto. Inicialmente, Anderson negou o crime, mas em seguida confessou sua participação, segundo o delegado. Ele tinha mandado de prisão em aberto e estava sendo investigado por outro roubo.
Marcos, o terceiro envolvido no assassinato, está foragido. Ele é moreno-claro, tem entre 1,80m e 1,85m e, pelas informações levantadas pelas equipes de investigação, teria entre 35 e 40 anos.Quem souber o paradeiro de Marcos, homem do retrato falado, pode informar a DH pelo telefone (41) 3262-1837.
Bandidos no porta-malas
Adriano alegou à polícia que levou os dois comparsas até a casa do promotor, na Rua Santa Clara, no Ahu, apenas para cometer um roubo. A morte de Roberto não estava premeditada. O promotor teria aberto o portão a Adriano, na quarta-feira à noite. Ele entrou com seu veículo, um Laguna, levando no porta-malas Anderson e Marcos, que num dado momento saíram do carro e deram voz de assalto. Anderson estava armado com um revólver calibre 38, e Adriano fingiu-se de vítima do roubo.
Segundo o delegado, Anderson e Marcos arrastaram Roberto para a cozinha do sobrado, e lá cometeram o crime. Adriano diz que não viu nem participou ativamente da execução. Além da carteira de Roberto, uma câmera fotográfica digital, dois celulares e jóias de pouco valor foram levadas da casa. ?No sobrado tinha um cofre. Os bandidos esperavam encontrar mais coisas de valor?, afirmou Cardoso.
Na quinta-feira pela manhã, câmeras de segurança de uma agência do Banco do Brasil, no Uberaba, registraram um homem, utilizando um boné azul escrito ?Lucas?, sacando R$ 1.000,00 da conta do promotor. Em seguida, mais R$ 500,00 foram retirados de outra conta de Roberto, no Banco Itaú. O boné foi essencial para identificar Adriano, pois a polícia descobriu que ?Lucas? era o nome do filho de Adriano. A carteira do promotor e a faca usada no crime foram encontradas próximo ao terminal de ônibus do Cabral, ainda na quinta-feira pela manhã. (GU)
Detido alega coação
Durante a apresentação dos suspeitos à imprensa, Anderson manteve-se calado. Adriano não mostrou o rosto, mas conversou com os repórteres. Ele disse que cometeu o crime, e sacou o dinheiro, porque foi coagido. Apesar da revelação, não quis dizer quem o estava coagindo, nem por qual motivo, pois alegou que sua família estava sendo ameaçada. ?Estou colaborando com o trabalho da polícia?, alegou Adriano. Porém, o delegado acredita que foi ele quem premeditou o crime e convidou os outros comparsas a roubar o promotor.
Adriano e Anderson permanecem detidos, autuados por latrocínio, podendo ser condenados a até 30 anos de prisão. O pai de Adriano, detido durante as investigações (mas sem ter relação com a execução do promotor), responderá por posse ilegal de armas. Uma espingarda e um revólver calibre 38 (emprestado por Adriano a Anderson, para cometer o assalto), estavam com suas licenças vencidas, e foram encontrados na casa do pai de Adriano, durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão. (GU)