Americano preso por tráfico de menor

Um bebê de apenas três meses foi recuperado ontem, no início da noite, pela Polícia Federal (PF) antes de ser levado ilegalmente para os Estados Unidos. Este é o primeiro caso em que a polícia consegue interceptar o tráfico de menores, antes de a criança ser enviada para fora do País. James Todd Bursch, 33 anos, americano que morava no Brasil há 10 anos, era o responsável por "encontrar" as crianças no Brasil e por intermediar o negócio entre famílias que desejavam a adoção. Ele e uma babá foram presos em flagrante.

Todd já levou uma criança de aproximadamente cinco anos aos Estados Unidos, em 2003. A embaixada americana (com sede em São Paulo) está em contato com a polícia dos Estados Unidos, que irá investigar e localizar a residência dessa primeira criança. A Polícia Federal acredita que a família de Todd, nos Estados Unidos, esteja ajudando no transporte e estadia dos menores.

De acordo com o delegado Fernando Francisquini, Todd faz parte de uma quadrilha internacional de tráfico de menores, realizando seus contatos pela internet com os comparsas e com os potenciais "clientes". Diversos documentos e e-mails foram apreendidos e serão analisados. Essas análises podem fornecer dados mais precisos sobre os contatos da quadrilha e sobre os valores cobrados das famílias interessadas no negócio, bem como o valor que a mãe recebeu pela "venda" do bebê.

A mãe da criança, que é de uma provável família moradora na Cidade Industrial (CIC), que ainda não foi localizada, é cúmplice da ação. Com dois dias de vida, ela entregou o bebê ao americano para que ele o registrasse como seu filho. Em posse da certidão de nascimento, e com a ajuda de um advogado, Todd já tinha documentos falsos prontos para levar o menor para os Estados Unidos.

A criança foi vendida por US$ 8 mil para a família que iria adotar o bebê, e mais uma quantia, desconhecida pela polícia (provavelmente mais US$ 2 mil), seria recebida pela quadrilha na entrega da criança. Com os US$ 8 mil iniciais, Todd mantinha o aluguel da casa, o pagamento da babá, os cuidados com o bebê e o advogado, que estava falsificando os documentos. A criança será encaminhada para a Delegacia do Adolescente, em Curitiba, de onde será recambiada para cuidados específicos à sua idade, em local ainda não definido.

Cativeiro

Investigações vinham sendo realizadas há um mês. Com base nelas, os policiais chegaram a uma residência no Alto Maracanã, em Colombo, na Rua Luís Gasparin, 532, que estava sendo alugada pelo americano para manter a babá e a criança em cativeiro. Segundo informações da Comunicação Social da Polícia Federal, a babá, que não teve seu nome revelado, recebia R$ 1 mil por mês para cuidar do bebê, e sabia de que seu trabalho fazia parte de adoções ilegais. A dona da casa, que alugou a residência para Todd, estava colaborando com as investigações e servirá como testemunha do caso. O americano morava em um hotel no centro, e não estava na residência no momento da abordagem. Reconhecido pelos policiais, ele foi pego na mesma rua do cativeiro, quando caminhava próximo ao endereço.

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