O número de assaltos a estudantes do Instituto Federal do Paraná (IFPR) diminuiu, mas pais e alunos continuam preocupados. Desde o começo do ano, quando a sede mudou-se para a Rua João Negrão, Rebouças, “choveram” boletins de ocorrência de roubo a estudantes na região. Foram feitos pedidos pela direção do instituto à Polícia Militar e à Guarda Municipal para mais patrulhamento na região.

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Alarmada com o número de casos, a direção do IFPR iniciou uma estatística sobre os assaltos por conta própria. Em fevereiro, foram 20 ocorrências; em março, 15; em abril, 10; em maio foram 18; em junho, mesmo sendo mês de férias, foram seis; e em julho, três. Neste mês, até quinta-feira, foram três registros. Esse número pode ser muito maior, porque muitos estudantes não informam a direção.

O IFPR possui cerca de 3 mil alunos. Nos turnos da manhã e da tarde estudam adolescentes, e à noite, a maioria é de adultos. “Vários alunos foram assaltados em plena luz do dia, na frente da escola e na redondeza. Ouço meu filho reclamar de falta de segurança para ir à escola sempre”, reclamou a mãe de um estudante. De acordo com Sheila Cristiana de Freitas, diretora de ensino do instituto, aproximadamente 70% dos furtos e roubos acontecem entre às 7h e 7h15. “Outros 20% são entre às 18h e 19h15, e cerca de 10% depois das 22h”, disse.

Átila Alberti
Sheila apurou que 70% dos furtos e roubos são cometidos antes das 7h15.

Os bandidos atacam os estudantes principalmente, segundo a direção do IFPR, nas avenidas Getúlio Vargas, Silva Jardim, Sete de Setembro e Iguaçu; na Rua João Negrão; e Travessa Pinheiro. “Os assaltos não são aqui na frente, geralmente ocorrem em um raio de 400 metros daqui”, contou Sheila. “Tendo esse cenário, nos desesperamos e mandamos vários ofícios para a Polícia Militar e a Guarda Municipal”.

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União

Há casos de estudantes que foram assaltados mais de uma vez na mesma semana. Já houve aluno que chegou para estudar descalça, porque os marginais tinham levado roupas e calçados. Conforme o Grêmio Estudantil do IFPR, na maioria dos casos, os bandidos estavam munidos facas e outras armas brancas. Eles também costumam usar arma de fogo e, muitas vezes, só ameaçam estar armados. “Até hoje não nos foi relatado nenhum caso violento, mas sabemos que, se nenhuma providência for tomada, é questão de tempo”, comentou Júlia Nagle, diretora de imprensa do Grêmio.

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“A mudança para a nova sede foi necessária, contudo os assaltos se tornaram frequentes e violentos, o que não acontecia na área do antigo prédio, no Guabirotuba. O caminho que a maioria dos estudantes faz para chegar aos tubos e pontos de ônibus é bem menor agora, mas o perigo cresceu muito”, considera Júlia.

Ela disse que no início do ano o Grêmio organizou horários para que os alunos fossem juntos ao ponto de ônibus. É o que fazem Stephane Calisto, 15, Amanda Pojaski, 15, e Luisa Oliveira, 14. Elas contam que, quando saem do instituto, geralmente já é noite, por isso, para se sentirem mais seguras, esperam umas às outras para irem juntas ao ponto de ônibus.

PM faz trabalho de orientação com estudantes

A Polícia Militar informou que, nas imediações do IFPR o policiamento preventivo e ostensivo é feito por radiopatrulha, Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) e com apoio do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Para melhorar a segurança, de acordo com a PM, foi feita parceria com o instituto, e a corporação desenvolveu palestras do Programa Educa,cional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) com os alunos no início deste mês.

O sargento Marcos Roberto de Oliveira, coordenador do Proerd em Curitiba e região metropolitana, explicou que o programa foi implantado no Paraná em 2000, direcionado a crianças de 9 a 12 anos, para discutir temas como uso de drogas e violência, principalmente o bullying. São atendidas em média 200 turmas por ano de escolas públicas e particulares, totalizando cerca de 2 mil alunos.

Música

Para promover maior aproximação com adolescentes, em 2009 foi criada uma banda do Proerd. “Aliamos fala e música diante de algum problema específico que a comunidade escolar esteja enfrentando, porque a maior dificuldade com adolescentes é prender a atenção deles, e a música faz isso”, explicou.

Com o IFPR, os policiais foram chamados com uma missão. “A direção da escola entrou em contato com o batalhão escolar pedindo palestra de orientação para os alunos com a intenção de evitar assaltos, alertá-los sobre esse perigo”, disse o sargento. “Observamos casos de roubos acontecidos na região e, na grande maioria das vezes, os adolescentes foram vítimas em situações que estavam desatentos; ou porque estavam em grupinho de amigos dando risada, ou em casalzinho, ou usando celular”.

Embora tenham gostado da palestra, os alunos são críticos quanto aos resultados que o programa possa trazer. “Apesar de informativa e útil, a palestra só apresentou maneiras dos estudantes evitarem os assaltos; mas quando estamos em uma área que é imenso foco de furtos e assaltos, a prevenção só não basta”, comentou Júlia. Ela reclamou que existem apenas promessas de melhoria de policiamento, mas que, na prática, nada foi feito até agora.