Nos primeiros seis meses deste ano cresceu o número de apreensões de drogas sintéticas no Paraná, usadas principalmente pelas classs média e alta. Segundo dados da Polícia Federal (PF), em 2007, não foi significativo o número de pontos de LSD apreendidos, porém, este ano, já foram 25 mil pontos. A droga vem da Holanda em vôos domésticos, passa por outros estados do País até chegar ao Paraná.
O LSD era muito consumido nos anos 70, mas está voltando com força total. A facilidade de acesso, transporte e a possibilidade de dinheiro fácil vem atraindo muita gente. O LSD se parece com cartelas de selo, que podem ser facilmente escondidas no corpo e não são detectadas nas máquinas de raio-X. Dificilmente se consegue encontrar a droga durante o trabalho rotineiro. As apreensões ocorrem na maioria das vezes por meio de investigações.
Na Holanda, as pessoas encontram fácil acesso à droga, além de ter um custo baixo. Aqui, cada ponto pode ser comercializado entre R$ 10 e R$ 30. Mas o valor pode ser maior ainda. Geralmente a droga é consumida em festas e casas noturnas. Dependendo do público cada ponto pode ser vendido até por R$ 70. Segundo delegados da PF, o número de apreensões aumentou porque deve estar entrando muito mais da droga no Paraná.
O Estado não é considerado corredor de drogas sintéticas, mas o mesmo não ocorre com a maconha, a cocaína e o crack. A maconha é produzida no Paraguai e entra no Brasil pelo Lago de Itaipu, de Foz do Iguaçu até Guaíra.
Devido à sua posição geográfica, os traficantes precisam passar pelo Paraná para fazer os entorpecentes chegar a outros Estados como o São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Bahia, Espírito Santo.
A maconha representa cerca de 80% das drogas apreendidas no Estado. Ela é a mais consumida, as pessoas costumam se reunir para fumá-la. É também a mais barata porque não precisa passar por nenhum processo de industrialização. Mas mesmo sendo a mais barata, também dá muito lucro. Os produtores vendem o quilo por R$ 30, mas no varejo a droga pode ser chegar a valer R$ 1 mil. Do início do ano até nove de junho a PF já apreendeu 21,7 mil quilos de maconha.
A cocaína que chega ao Brasil vem da Bolívia e da Colômbia. Por ser bem mais cara que as outras drogas, é consumida pela classe alta. Um quilo e meio de cocaína equivale ao preço de uma tonelada de maconha. Mas devido ao controle que o País vem fazendo da venda da exportação de substâncias utilizadas para o refino da droga, vem aumentando a entrada no país da pasta base da coca, que é refinada em laboratórios nacionais ou acaba virando crack. Este ano a PF apreendeu 193,2 quilos de maconha e 48 quilos de crack.
No Paraná, Curitiba e região metropolitana são os maiores consumidores de drogas.
O chefe do Núcleo de Operações, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, da Superintendência da Polícia Federal no Paraná, Heron Lima, acha que dificilmente se consegue acabar com o tráfico, mas com mais investimentos em efetivo e a integração com outras polícias e instituições, o problema pode ser minimizado. A grande fronteira do Paraná com outros países é um dos empecilhos. A PF já recebeu investimentos, aumentando seu efetivo e lanchas para patrulhar o Lago de Itaipu.
Cocaína: apreendidos 114 quilos este ano no PR
Arquivo |
Apreensões de cocaína este ano foram mais do que o dobro de 2007. |
Este ano também aumentou a quantidade de cocaína apreendida pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas estradas do Paraná. Em 2007, foram apreendidos 49 quilos e este ano já são 114. No entanto, não é possível ter uma exata dimensão da quantidade que consegue burlar a fiscalização e chegar até as praças consumidoras. Os traficantes costumam usar estradas vicinais para fugir das abordagens policiais.
O Estado é cortado por diversas estradas vicinais, sendo possível ir de Curitiba até Foz do Iguaçu sem passar por nenhum ponto de fiscalização. As drogas apreendidas pela PRF passam pelas estradas que estão sob sua jurisdição como a BR-277, que corta o Paraná de leste a oeste.
Segundo o chefe de operações da PRF, Gilson Cortiano, diminuiu o número de maconha apreendida nos últimos anos. Ele explica que a droga vinha em grandes quantidades escondidas em caminhões que transportavam cargas a granel. Mas com o aperfeiçoamento do serviço de inteligência da PRF, os traficantes mudaram de estratégia. Passaram a usar estradas sem postos de fiscalização ou a transportar cargas menores, como a de cocaína.
Cortiano diz que os policiais tem facilidade para descobrir se o carro ou caminhão abordado tem drogas escondida. Fazem perguntas e também vistoriam os veículos.
Uma das estratégias que mais demandam trabalho para os traficantes é esconder a droga dentro do tanque de gasolina. A princípio, a prática pode parecer difícil de ser detectada, mas os policiais afirmam com apenas algumas observações é possível saber se tanque contém a droga. Além disto, há pessoas que escondem a droga nas portas e em outros compartimentos falsos dos carros.
A PRF do Estado é uma das que mais apreendem drogas nas estradas sob jurisdição federal. Em 2007, a quantidade retirada de circulação foi de 16,4 toneladas de maconha, o que representou 37% de tudo o que a corporação apreendeu em todo o país. O mesmo ocorreu em relação ao crack. No Estado foi apreendido 49% do total nacional. ?E apenas 5% das nossas apreensões são resultantes de denúncias?, ressalta Cortiano.
Em 2007, 225 pessoas foram presas transportando drogas, sendo que uma parte viajava de ônibus. Apesar do bom desempenho da PRF, Cortiano afirma que apenas uma pequena parte dos entorpecentes são retirados de circulação. Ele diz que não é só a polícia que precisa fazer o trabalho, mas a sociedade em geral. ?Enquanto tiver consumidor, terá traficante?, falou. (EW)