Professores e pais de alunos da escola onde a professora Ana Paula Marino César, 37 anos, foi esfaqueada por um aluno de 15 anos na tarde de quinta-feira (04), em Piraquara, fizeram um protesto na manhã desta sexta (05). Eles ficaram em frente ao colégio e as aulas foram canceladas durante todo o dia nas escoladas da cidade.
O protesto começou por volta das 8h30 e terminou às 11h30. Os professores se juntaram aos pais de alunos e pediram apoio da comunidade para cobrar por mais segurança e atenção às escolas. Eles saíram em passeata pela Rua Betonex, e por aproximadamente 30 minutos, a Rodovia Deputado João Leopoldo Jacomel chegou a ser bloqueada.
De acordo com o presidente em exercício do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP), o ato foi a única forma que os professores encontraram para cobrar atenção das autoridades.
“Nenhum aluno entrou em sala e será assim até conseguirmos, pelo menos, alguma resposta do governo. Precisamos dar um ensino de qualidade às crianças, mas também exigimos mais segurança e melhores condições para as escolas”, disse Hermes Leão.
As aulas foram interrompidas e os professores não demonstraram a intenção de voltar ao trabalho na semana que vem. “Não adianta entrarmos em sala na segunda-feira como se nada tivesse acontecido. Precisamos que algo seja feito de maneira urgente para a nossa segurança. O que mais o governador e os prefeitos vão esperar? Que algum professor seja morto por um aluno? Porque é só isso que nos falta”, comentou uma professora, que não quis se identificar.
Na escola, ninguém quis se posicionar. “Não estamos autorizados a falar, mas também acreditamos não ser interessante expor tanto a escola neste momento”, disse o vice-diretor, que não quis se identificar.
Os professores prometeram não parar os atos de repudio com relação à falta de segurança nas escolas. Nesta tarde devem se encontrar em audiência pública em frente à câmara de vereadores de Piraquara para pedir, junto com a comunidade, por melhores condições de trabalho. Eles esperam ser recebidos tanto pelos representantes municipais, mas pelo governo também. Depois da reunião, prometeram sair em carreata pela cidade.
Estado de saúde
A professora, que dá aula de inglês, continua internada. De acordo com o representante da APP Sindicato, ela continua no Hospital Angelina Caron, em Campiuna Grande do Sul, onde foi levada de helicóptero depois do crime. O estado de saúde de Ana Paula é considerado estável. Ela está em um quarto, já em observação e não mais corre risco de morte.
O crime
A professora foi esfaqueada pelo aluno por volta das 11h30 desta quinta, quando as aulas estavam prestes a acabar. A revolta foi por conta de uma reunião com os pais que ocorreu na quarta-feira (3) na instituição.
A professora teria citado o adolescente como um estudante indisciplinado. Depois de esfaquear a professora, o garoto fugiu e deixou a faca no local. Ele foi apreendido tentando se esconder na lavanderia de uma casa, nas proximidades do colégio.
Informações dão conta de que o menino já tinha dito aos amigos que mataria a professora, mas ninguém acreditou. Segundo o jovem, Ana Paula também teria o ofendido em sala de aula, chamando-o de “lixo”.
Ele foi encaminhado à Delegacia de Piraquara, onde foi autuado em ato infracional de tentativa de homicídio. Depois dos procedimentos na delegacia, o garoto foi encaminhado ao Juizado de Menores, que será responsável por encaminha-lo ao local onde ficará apreendido.