Clayton Agostinho Auwerter, presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado do Paraná (Sindarspen), prometeu ontem processar o governador Roberto Requião pelas denúncias de que a rebelião nos últimos dias 14 e 15, na Penitenciária Central do Estado, em Piraquara, foi causada pelos agentes.”Tudo o que ele falou, vai ter que provar na Justiça”, disse, destacando que o governador insinuou que os agentes teriam facilitado a rebelião.
“Nos próximos dias vamos entrar com uma ação na Justiça por danos morais. Não temos nenhum envolvimento com o que aconteceu, ao contrário, alertamos que a situação no presídio estava tensa e que a qualquer momento algo poderia acontecer”, explicou.
O governador, durante a reunião Mão Limpas, que aconteceu na manhã de segunda-feira, disse que em dez dias quer o inquérito que investiga as responsabilidades pela rebelião concluído.
Para Requião, o motim foi provocado pelos agentes, que segundo ele, abriram as celas para os presos de facções rivais se confrontarem. A justificativa para a ação, seria pressionar para que algumas reivindicações dos agentes fossem atendidas.
Auwerter disse que as acusações são falsas e infundadas. “As portas que o governador insiste em dizer que nós abrimos, foram arrombadas, principalmente porque estão velhas, assim como todo o presídio, que está caindo aos pedaços”, completou.
O sindicalista disse que antes da rebelião já tinha avisado, ao secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, ao secretário de Justiça, Jair Ramos Braga, e ao governador sobre a uma possível rebelião. “Eles fizeram vistas grossas, e deu no que deu”.
A rebelião começou por volta de 20h30 do dia 14, e três agentes penitenciários foram tomados reféns. Dos cerca de 1.500 detentos da PCE, estima-se que cerca de 1.200 se envolveram, de alguma forma, no conflito. Cinco morreram dentro do presídio durante o motim, um foi socorrido e morreu no dia seguinte no hospital.
Transferência
Durante o final de semana, segundo o Ministério da Justiça, 50 presos que se envolveram na rebelião, foram transferidos. O Presídio de Catanduvas, no interior do Estado, recebeu 24 presos, e os demais foram para Porto Velho, em Rondônia.
A transferência de 408 presos para o Presídio do Ahu está confirmada, mas ainda não há uma data marcada para isso. A reportagem procurou a Casa Civil para escutar o lado do governo sobre as acusações, mas não obteve resposta.