Agentes penitenciários fizeram nesta quarta-feira, 27, uma manifestação no centro de Cascavel, no Oeste do Paraná, pedindo contratação de funcionários e investimentos no sistema carcerário paranaense. O ato ocorre um dia depois da violenta rebelião na PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel), que resultou na morte de cinco detentos, sete desaparecidos e 25 feridos. Os agentes penitenciários encontraram na terça um dos desaparecidos em meio aos escombros de uma das galerias. Ainda continuam desaparecidos, segundo o Depen (Departamento Penitenciário Estadual), três pessoas.
Aproximadamente 150 agentes de várias regiões do Paraná se concentraram na Praça do Imigrante, com faixas e cartazes, para expor o medo e a insegurança que vivem. De lá, eles seguiram em passeata pela Avenida Brasil até a Câmara de Vereadores de Cascavel.
Para o presidente do Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná), Anthony Johnson, a rebelião no presídio de Cascavel poderia ter sido evitada se a Secretaria Estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos ouvisse as denúncias da precariedade do sistema penitenciário.
“Há muito tempo o Sindicato tem denunciado a falta de funcionários e de estrutura básica nas unidades. O que queremos é a contratação de pessoal e investimento para melhorar tudo isso”, afirmou Anthony. Segundo ele, os agentes trabalham com insegurança e muito medo.
Ele não descarta novas rebeliões nos presídios que receberam os presos transferidos da PEC, que teve 90% do prédio comprometido durante o motim. “Essas penitenciarias já estão superlotadas e essas transferências vão agravar ainda mais esse problema”.
O presidente do sindicato não descarta uma greve geral caso o governo não sinalizar em melhorias no sistema carcerário. Nos próximos dias, o sindicato deve realizar uma assembleia em Curitiba para discutir o assunto. Sobre os danos provocados na unidade, as autoridades estaduais não encerraram a “varredura” e nem contabilizaram os prejuízos causados pelos rebelados.
Identificação dos corpos
Nesta quarta, familiares identificaram os corpos de Sérgio Humberto de Melo, 35 anos, e Juareci Gromowski, 40 anos, mortos durante a rebelião na Penitenciária Estadual de Cascavel. Sérgio foi um dos detentos decapitados durante o motim. Ele era pai de dois filhos. O caixão com o corpo foi levado até o aeroporto de Foz do Iguaçu e de lá seguiu a cidade de Pocinhos, na Paraíba, onde residem familiares da vítima.
A outra vítima também foi decapitada. Gromowski foi preso no início do ano com um carro roubado e era suspeito de integrar uma quadrilha que fazia assaltos a sacoleiros que fazem compras no Paraguai. O corpo foi levado para sepultamento em Capitão Leônidas da Marques (PR).
Um corpo e restos mortais de outras duas pessoas continuam no IML (Instituto Médico Legal) de Cascavel, mas sem identificação.