A insistência de Monik Pegorari de Lima em afirmar que Juarez Ferreira Pinto é o homem que a atacou no Morro do Boi, em Caiobá, em 31 de janeiro, foi explicada ontem, pelo psicólogo forense Rodrigo Soares Santos. Anteontem, Paulo Delci Unfried, 32 anos, confessou o crime.

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Arquivo
Monik: comportamento normal.

Rodrigo falou em entrevista coletiva, promovida pelo advogado Nilton Ribeiro, defensor de Juarez. O psicólogo disse que é comum que, mesmo com a confissão de Paulo, sustentada com prova material (exame de balística positivo), a moça mantenha-se irredutível.

“Desde o início das investigações, uma série de erros fizeram com que ela ficasse dessa forma. Ela foi induzida a agir assim. No primeiro depoimento disse que o sujeito era calvo e baixo. No reconhecimento colocaram dois homens altos e com cabelo grisalho. Os demais, estavam circulando no hospital, obviamente, se fossem suspeitos não estariam por ali”, explicou.

Além disso, o perito contou que centenas de casos similares a esse, onde as vítimas fazem reconhecimentos em momentos de tensão, acontecem com frequência em todo o mundo, e são reconsiderados.

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Humildade

O advogado Nilton Ribeiro afirmou que durante as investigações tanto a polícia se equivocou quanto Monik. “A polícia até agora não teve a humildade de reconhecer o erro”, comentou Ribeiro.

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“No primeiro depoimento, ela disse ter sido estuprada, depois negou. Nunca uma mulher se equivocaria com uma situação destas”, salientou. Outro equívoco citado pelo defensor foi o reconhecimento de uma camiseta amarela, com gola polo, encontrada com sangue numa trilha do morro, como sendo de Juarez, usada no dia do crime.

Com exame de DNA negativo, a camiseta deixou de ser considerada prova. “Ela mudou a versão várias vezes, supostamente porque estava abalada psicologicamente”, afirmou o advogado.

O policial Altair Ferreira Pinto, o “Taíco”, irmão de Juarez, disse que a verdade veio à tona e para conseguir isso, toda a família sofreu muito. “Tivemos muitos prejuízos financeiros e morais. Por este motivo vamos esperar tudo se resolver e o mais rápido possível e pedir a reparação do Estado”, afirmou.

Ataque na gruta

Monik e o namorado dela, Osíris Del Corso, caminhavam em uma trilha no Morro do Boi, em Caiobá, quando foram atacados. Segundo ela, o namorado, na tentativa de defendê-la de estupro foi baleado no peito e morreu no local.

Monik foi ferida nas costas e ficou caída em uma gruta. O agressor fugiu mas, cerca de três horas depois, voltou e teria cometido abuso sexual. Os dois estudantes só foram localizados na tarde de domingo.

Em 17 de fevereiro Juarez foi preso no litoral, acusado do crime. Ele sempre negou. Na quarta-feira da semana passada, Paulo Delci Unfried foi preso depois de invadir uma casa e violentar uma mulher, em Matinhos. E estava com um revólver calibre 38 e uma garrucha calibre 22.

O revólver foi submetido a exame de balística e confirmou-se que foi a mesma arma usada no atentado contra os estudantes. Anteontem Paulo confessou o crime na delegacia, após tentativa de suicídio por enforcamento.

Acareação e reconstituição

Fábio Schatzmann

As promotoras Carolina Dias Aidar e Fernanda Maria Motta Ribas, que denunciaram Juarez, informaram ontem que não pronunciam sobre o caso, até que todas as petições para esclarecer a participação de Paulo, sejam concluídas.

De acordo com a assessoria do Ministério Público, a Vara Criminal de Matinhos acatou todos os pedidos protocolados na ter&ccedil,;a-feira pela promotoras. Haverá acareação entre Monik e Paulo e reconstituição do crime, porém ainda não há previsão de datas.

Nota

Ontem, o MP, em nota oficial, repudiou as ilações lançadas pela imprensa contra a promotora Carolina. Alegou que a promotora assegura o rigoroso cumprimento das determinações legais pela mesma na condução do processo que trata do “crime do Morro do Boi”.

Segundo a nota, “como representantes da sociedade, os membros do órgão pautam suas ações na lei e na convicção de que se faça justiça, sem açodamento e com absoluta isenção”.