O advogado Cláudio Dalledone classificou de "mentirosas" as acusações contra seus clientes: o diretor-geral do Instituto de Criminalística, Ari Fontana, e o chefe da Divisão Técnica do Interior, Geraldo Gonçalves de Oliveira. Ambos foram presos na manhã de terça-feira, sob a acusação de integrar uma quadrilha que realizava perícias falsas ou desnecessárias em veículos com o objetivo de extorquir dinheiro. Ao grupo ainda é atribuído o crime de "esquentar" carros roubados ou furtados.
Em entrevista coletiva na tarde de ontem, Dalledone disse que a acusação contra seus clientes não passa de vingança. Segundo relatou, ao assumir a diretoria-geral do Instituto, em dezembro de 2003, Fontana encontrou um protocolo guardado há oito meses nas dependências do órgão, do delegado de São Miguel do Oeste(SC), pedindo informações sobre um caminhão com sinais de identificação adulterados apreendido por ele.
Para esse caso, teria sido apresentado laudo do Instituto de Criminalística de Cascavel, demonstrando que não havia adulteração. De acordo com o advogado, na época, Fontana instaurou inquérito administrativo contra os peritos Celestino Böger e Luzimar Oro (atualmente lotados em Cascavel), apontados como envolvidos na fraude. "Ele também determinou que os dois peritos fossem transferidos para Guarapuava e ficassem afastados da perícia de veículos", alegou o defensor.
Ele disse que o inquérito foi enviado para a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, onde os envolvidos foram absolvidos. De acordo com Dalledone, esse caso teria provocado o desejo de vingança contra Fontana e Geraldo, e contra o chefe do Instituto de Cascavel, Jayme Cazarote Júnior e os peritos Osvaldo Panissa e Décio Mitmann.
Denúncias
O advogado relatou que, quando os peritos acusados voltaram a trabalhar, as denúncias continuaram. Vários órgãos, entre eles a PIC de Cascavel passaram a receber diversas denúncias anônimas sobre a fraude. "Fontana tentou contar os fatos ao secretário Delazari, mas não conseguiu marcar audiência. Então, encaminhou ofício em 2 de maio de 2005, ao coordenador da PIC, em Curitiba, Dartagnan Cadilhe Abilhoa. Ele também constatou que devido à fraude estavam ocorrendo várias ações de indenização contra o Estado", salientou Dalledone.
Fontana também teria tomado a providência de determinar que as perícias em veículos só fossem realizadas com o número do boletim de ocorrência ou inquérito policial. "Eles criavam os números, cometendo falsa comunicação de crime", acusou Dalledone, acrescentando que os dois peritos são, agora, testemunhas de acusação.
Ele adiantou que todos os documentos serão utilizados na defesa e foram relatados por Fontana e Geraldo, em seus interrogatórios, realizados na tarde de quarta-feira na PIC de Curitiba. "Os depoimentos foram esclarecedores e os promotores tomaram conhecimento de vários fatos, que até e então não tinham ciência".
Secretaria nomeia novo diretor
A estrutura da diretoria-geral da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) será a responsável por conduzir os trabalhos no Instituto de Criminalística durante o período de intervenção. Através de resolução, o secretário Luiz Fernando Delazari nomeou o perito criminal de 1.ª classe Carlos Roberto Martins de Lima, lotado na secretaria como assistente da diretoria-geral, como o interventor oficial. ?Quero acompanhar o trabalho detalhadamente. Por isso, escolhi que a estrutura da diretoria-geral da secretaria seja a responsável pela intervenção, através do assistente nomeado, que é perito e conhece todos os procedimentos?, disse o secretário.
A primeira atitude da intervenção será a de fazer com que as atividades do instituto, em todas as cidades onde ele existe, não parem. Outra atribuição é a de contribuir com o Ministério Público com informações para que as investigações prossigam.
Carlos Lima já coordenava os serviços de criminalística desde o dia da prisão do ex-diretor, Ari Ferreira Fontana, na última terça-feira. Desde então, também foram encaminhados quatro peritos de Curitiba para Cascavel e três peritos de Ponta Grossa para Guarapuava, para continuarem com os trabalhos do instituto.
Quarta-feira, o governador assinou o decreto que exonera Ari Ferreira Fontana do cargo comissionado de diretor-geral do instituto. Fontana foi preso na terça-feira. Ele foi acusado pelo Ministério Público Estadual de comandar uma quadrilha formada por outros peritos, lotados em Cascavel e Guarapuava, que realizava falsas ou desnecessárias perícias em veículos para extorquir dinheiro de vítimas, ou ?esquentar? carros possivelmente roubados e com chassis adulterados.
Habeas corpus
O advogado Cláudio Dalledone Júnior informou que o seu escritório e o do advogado René Ariel Dotti já estão preparando um habeas corpus para libertar Ari Fontana e Geraldo Gonçalves de Oliveira, ex-chefe da Divisão Técnica do Interior. Ele exibiu a carta de afastamento do cargo de seus dois clientes, entregue ao governador Roberto Requião, na manhã de quarta-feira. ?A prisão deles foi decretada devido ao cargo, porque na visão da Justiça poderiam atrapalhar o andamento das investigações. Com o afastamento de ambos, não tem razão para mantê-los presos?, explicou.
Na tarde de ontem, Dalledone disse que seus clientes agiram sempre para evitar a corrupção no instituto. Ele contou que ao assumir a diretoria-geral do instituto, em dezembro de 2003, Fontana encontrou um protocolo guardado há oito meses nas dependências do órgão, do delegado de São Miguel do Oeste(SC), pedindo informações sobre um caminhão com sinais de identificação adulterados apreendido por ele. Na defesa, os acusados apresentaram um laudo do Instituto de Criminalística de Cascavel, demonstrando que não havia adulteração. ?Após encontrar o documento, Fontana e Geraldo foram até a cidade de Dionízio Cerqueira, onde se atualizaram sobre o assunto e encontraram pessoas presas. Eles deram andamento ao protocolo?, contou.
