O advogado Edson José Ribello, 41 anos, foi assassinado no porta-malas do seu carro durante uma tentativa de seqüestro. O crime ocorreu no início da manhã de ontem na garagem do edifício onde a vítima morava, Rua Ovande do Amaral, em Rio Negro. A polícia prendeu três homens suspeitos de participar da ação. Para o delegado Armando Braga, que investiga o caso, trata-se de crime encomendado.
O roubo do veículo do advogado foi o motivo apresentado pelos presos para o assassinato, o que não convenceu a polícia.
Por volta das 8h15, o advogado saiu para trabalhar e foi rendido quando entrava em seu carro (Renault Clio) na garagem do edifício. Edson foi amarrado com fita crepe, amordaçado e jogado no porta-malas do carro. A esposa da vítima, que mora no primeiro andar do edifício, não ouviu o barulho do carro do marido saindo e achou estranho. Resolveu verificar o que estava acontecendo e desceu à garagem. Lá deparou com os bandidos, que a renderam também. Os marginais mandaram que ela abrisse o portão, mas como ela não estava com a chave nem controle remoto, não pôde obedecer à ordem.
Tiros
Diante da situação, os marginais resolveram colocar a mulher dentro do porta-malas também. Ao abrir a tampa do porta-malas, o advogado começou a se debater tentando sair. A esposa vendo a cena começou a gritar chamando a atenção dos vizinhos. Os marginais resolveram dar um fim na história. Dispararam por três vezes contra Edson, que foi atingido na barriga, peito e ombro. Ele morreu no local. A esposa não foi ferida.
Prisão
Os três suspeitos foram presos durante a fuga, na BR-116, quando estavam a caminho de Curitiba. Eles foram parados pela Polícia Militar enquanto passavam com o Escort vermelho, placa AHV-8369, pelo município de Campo do Tenente, distante cerca de 23 quilômetros de Rio Negro. Não houve troca de tiros.
Após a abordagem foram presos os três ocupantes do carro: Daniel Silva de Abreu, 29 anos, morador do Atuba; Eduardo Aparecido de Moraes, 28, morador no Jardim Botânico, e Lourival Elias dos Santos, 42, morador em Colombo. Também foram apreendidas duas pistolas calibre 380, três carregadores e 48 cartuchos intactos. O trio foi encaminhado à delegacia de Rio Negro.
Versões não convencem
Durante interrogatório feito pelo delegado Armando Braga, os presos contaram suas versões para o crime. Além de contraditórias, elas são bem confusas. Daniel, que era o condutor do Escort quando ocorreu a prisão, disse que trafegava com o carro pela rodovia quando foi abordado por dois homens armados que o obrigaram a dirigir até Curitiba. “Ele se faz de vítima. Está muito tranqüilo. Enquanto estava preso recebeu ligações, no mínimo comprometedoras, em seu celular”, contou o policial.
Eduardo disse que comprou as duas pistolas em um posto de combustível em Curitiba e que convidou Lourival para cometer assaltos a postos de combustíveis na região de Rio negro. Mas que, para isso, deveriam tomar um carro em assalto antes. O carro escolhido, “por coincidência”, foi o do advogado. Ele não soube explicar com convicção como chegou naquela cidade.
Susto
Lourival, por sua vez, afirmou que foi contatado por um tal “João” para dar um “susto” no advogado. O “susto” seria o roubo do carro. O detido disse ainda que conheceu João numa madrugada, em Curitiba, e que o homem deu as dicas para o crime. Forneceu as duas pistolas e deu o endereço da vítima em Rio Negro.
Para o “serviço”, Lourival receberia R$ 500,00 e o carro roubado deveria ser abandonado no terminal de ônibus do Carmo, em Curitiba. Para não fazer o roubo sozinho, Lourival resolveu convidar Eduardo.
Os três presos foram autuados pelo delegado Braga por homicídio qualificado. As investigações continuam com o objetivo de descobrir o possível mandante do crime e o motivo. Braga afirmou que deverá contar com o apoio do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) nas diligências.
