Mesmo citado entre os 20 denunciados pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC) do Ministério Público Estadual (MPE), sob acusação de ter encomendado interceptações telefônicas ilegais, o advogado Luiz Fernando Comegno afirmou, ontem, que continuará atuando na defesa do policial civil e assessor do governo do Estado Délcio Augusto Razera, preso desde o último dia 5 durante a Operação Pátria Nossa, que descobriu esquema de grampos telefônicos ilegais praticados contra empresários e autoridades.
Comegno, que também advoga para os dois filhos do policial citados na denúncia, nega ter solicitado grampos a Razera, conforme consta nos autos. ?O que fiz foi pedir a ele indicação de alguém que identificasse grampos em minha casa, porque o meu antigrampos estava apitando e a companhia telefônica não conseguiu verificar nada. Daí ele me recomendou o Isaac?, disse, referindo-se ao também indiciado Isaac José Rodrigues, funcionário de uma empresa de telefonia e provável instalador dos grampos esquematizados pelo policial.
O advogado acusa a Promotoria de tê-lo citado nos autos, porque entrou com uma representação na Corregedoria-Geral do Ministério Público, há cerca de dez dias, para apurar como informações sigilosas estariam vazando para a imprensa. ?Fiz isso para buscar responsabilizar os promotores. Não poderia ser acusado apenas por ter sido ouvido e usado os critérios profissionais do Isaac para uma varredura em minha residência.? A PIC não comenta a acusação.
Dentre os 20 denunciados pelo MPE, além de Isaac e Razera, Comegno conhece os filhos do policial Marcus Vinícius Savogin Razera e o PM Luciano Savogin Razera, para quem também advoga, além da esposa, Maria Luisa Savogin Razera. ?Um porque trabalhava com o pai e o outro porque atendia ao telefone do escritório?, justifica as suspeitas que recaem sobre os filhos do policial. No entanto, paira sobre eles a denúncia de operação da parte de informática do esquema e uso de grampos.
O advogado ainda não teve acesso à denúncia, o que espera para hoje. Ele também aguarda resultado do pedido de habeas corpus para relaxamento do flagrante de posse ilegal de armas para seu cliente, um dos motivos pelo qual Razera está preso.