Adulteração de combustíveis resulta em 14 prisões

Uma megaoperação envolvendo o Ministério Público, Receita Estadual e a polícia resultou ontem, na prisão de 14 pessoas em Londrina, sob suspeita de fraude, sonegação de impostos, formação de quadrilha e falsidade ideológica. A operação aconteceu em postos e distribuidoras de combustível da cidade e municípios próximos. Entre os detidos estão Luiz Bolognese, Sérgio Góes de Oliveira, Fábio Ribeiro da Fonseca, Luciano Monteiro Breda, Carlos Roberto Kobayashi e Maxwell Pavesi, todos proprietários de postos de combustível ou representantes de distribuidoras.

Segundo o coordenador da Promotoria de Investigações Criminais (PIC) em Londrina, promotor de Justiça Leonir Batisti, foram cumpridos 14 mandados de prisão, além de 27 mandados de busca e apreensão. O esquema, segundo ele, envolvia intermediadores na venda de combustível. “Eram picaretas do setor, que compravam notas fiscais de terceiros, revendiam”, explicou o promotor. Ele calcula que, somente em Londrina, deixaram de ser recolhidos cerca de R$ 200 mil em impostos a cada mês. Segundo o promotor, alguns empresários tinham escrituração paralela, o que pode significar ?lavagem de dinheiro?.

Ação

Às 6h da manhã cerca de 80 policiais e integrantes da promotoria e da Receita Estadual começaram o trabalho de busca e apreensão nas residências e escritórios dos acusados. Foram recolhidos vários documentos, notas fiscais e computadores, que devem ser analisados. Pelas primeiras investigações, o esquema incluía contas fantasmas, empresas em nome de terceiros e falsificação de guias de recolhimento de tributos. Todo o material apreendido foi repassado à Receita Estadual.

“Prosseguiremos com as investigações, inclusive, oferecendo denúncias”, afirmou o promotor. Os pedidos de prisão temporária partiram do Ministério Público. Não houve resistência por parte dos detidos, que prestaram esclarecimentos ao Ministério Público e foram posteriormente encaminhadas aos distritos policiais de Londrina. As investigações tiveram início há 90 dias.

ABCF

De acordo com o diretor-geral de investigação da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), Rodolpho Ramazzini, o bando atuava ainda em cidades próximas a Londrina, como Maringá, Paranavaí, Goioerê e Campo Mourão. Segundo Ramazzini, a ABCF recebeu a denúncia de sonegação fiscal e adulteração de combustíveis e protocolou denúncia junto ao Nurce de Maringá. “Houve uma investigação minuciosa, e o foco principal foram os escritórios de distribuidoras que faziam a adulteração da gasolina”, apontou Ramazzini.

Segundo ele, ?atravessadores? compravam combustível nas usinas de álcool ou refinarias, acrescentavam água e solvente, e repassavam para os postos.

“Um caminhão de combustível se transformava em três”, apontou. Ramazzini lembrou que, quando um caminhão sai da usina ou refinaria, tem um lacre. “Só na casa de um dos detidos havia mais de 300 lacres prontinhos, além de documentação farta, inúmeros cheques”, afirmou Ramazzini, que considerou a megaoperação “um sucesso.”

De acordo com Ramazzini, o prejuízo relativo à sonegação de impostos no ramo de combustíveis chega a quase R$ 2 bilhões por ano. “Além de prejudicar os consumidores, os adulteradores fazem com que o governo deixe de arrecadar impostos em cascata.”

Sindicombustíveis-PR

O Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Paraná (Sindicombustíveis-PR), anunciou ontem, em nota, seu apoio ao trabalho de investigação realizado pelo Nurce, PIC e Receita Estadual. Segundo o presidente do sindicato, Roberto Fregonese, o Sindicombustíveis já há algum tempo está denunciando esse tipo de irregularidade, facilmente detectável pelos preços muito abaixo do mercado, praticados em alguns postos. “A categoria se sente reconfortada porque bandidos que se instalaram no setor estão sendo desmascarados”, disse Fregonese. Ainda segundo Fregonese, “são esses falsos revendedores, que hoje estão presos, que há alguns meses estavam sendo festejados pelos consumidores por estarem vendendo combustível mais barato.”

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