Adolescentes acusados de seqüestros em Apucarana

O seqüestro de um menino de 11 anos, desaparecido desde a última segunda-feira, acabou ontem pela manhã com a apreensão dos autores, dois irmãos adolescentes, de 12 e 15 anos, no município de Apucarana, na região norte do Paraná. Nas últimas duas semanas, os mesmos jovens também foram responsáveis pelo seqüestro de outras três vítimas.

Todas conseguiram fugir e ontem foram ouvidas na delegacia do município, onde reconheceram o menino de 15 anos como um dos autores dos seqüestros anteriores.

A vítima de 11 anos foi seqüestrada logo depois de sair de casa, perto do meio-dia, enquanto ia para a escola. Durante a noite de segunda-feira, os seqüestradores ligaram para a família do menino para exigir o pagamento de R$ 2 mil para libertá-lo.

“Ficou combinado que o contato seria retomado na manhã do dia seguinte. Então, com essas informações, iniciamos as investigações para localizar o cativeiro, os autores do crime e para resgatar a criança”, disse o delegado Gabriel Marcelo Botelho Junqueira Filho, responsável pelo caso.

Após a identificação do adolescente, a polícia conseguiu fazer a sua apreensão no colégio onde estudava. Ainda de acordo com Junqueira, o garoto indicou o local do cativeiro, localizado na região conhecida como Lagoa Seca, nas proximidades do Jardim Colonial, onde policiais encontraram a vítima por volta das 11h de ontem, amarrada e amordaçada desde às 13h da segunda-feira.

Junto com os dois adolescentes, a polícia apreendeu um celular, um crachá de estudante, uma faca de cozinha, três algemas de plástico e o que foi caracterizado como uma “algema” feita de madeira.

Os menores confessaram o crime e devem ficar na Delegacia de Apucarana até que a promotoria da Vara da Infância e da Juventude da região marque audiência sobre o caso e defina para onde devem ser encaminhados os adolescentes. De acordo com a Polícia Civil, o jovem de 15 anos já tinha antecedente relacionado a porte ilegal de arma na cidade de Londrina.

Negociador é peça fundamental em casos envolvendo reféns

Curitiba já teve dois casos de seqüestro de cativeiro neste ano, de acordo com informações do Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial da Polícia Civil, o Grupo Tigre.

Em nenhum dos casos houve vítimas. Para resolver um seqüestro, a figura do negociador é peça fundamental. O policial designado para a função passa por cursos específicos que seguem um padrão internacional para aprimorar procedimentos de negociação.

“Um bom negociador precisa ser um camaleão. Não pode falar da mesma maneira com alguém que quer dinheiro em troca do refém e outro que seqüestrou por motivos passionais, nem um marginal de Curitiba como alguém em uma favela do Rio de Janeiro”, explicou o delegado-chefe do Grupo Tigre, Riad Farhat.

O negociador precisa estabelecer um vínculo com o seqüestrador e adquirir sua confiança, segundo Farhat. Quando esse vínculo é quebrado ou começa a haver atrito entre as partes, o negociador geralmente é trocado por outro durante a operação.

A criação de grupos especiais para atender seqüestros é recente. Foi no início dos anos 1990s que os grupos começaram a ser montados, época em que os grandes seqüestros tiveram seu auge no Paraná.

O Tigre, por exemplo, existe desde 1991. “Até então era complicado. Todos falavam com o seqüestrador: a polícia, o padre, o juiz, o promotor”, lembra o delegado Rubens Recalcatti, autor do livro Seqüestros: modus operandi, estudo de casos. Com os grupos especiais, o número de casos reduziu drasticamente no Paraná.

“O negociador precisa ter a resposta certa no momento certo, o que só consegue com aperfeiçoamento contínuo. Ele precisa estar preparado para agüentar resist&e,circ;ncia e xingamentos do outro lado, sempre em situação de stress”, afirmou o delegado.

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