A polícia aguarda a conclusão de exames do Instituto Médico-Legal (IML), para avançar nas investigações sobre a morte de um adolescente, de 13 anos, no Centro de Socioeducação (Cense), anexo à Delegacia do Adolescente, no Capão da Imbuia, na madrugada de domingo. O garoto estava apreendido na instituição há cerca de um mês e meio, pelo assassinato de uma moça, de 18 anos. Ele foi entregue à polícia pelo pai e aguardava transferência para Centro de Socioeducação São Francisco, em Piraquara.
O corpo foi encontrado dentro da cela. De acordo com o laudo preliminar do IML, o garoto morreu por enforcamento. A primeira linha de investigação da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) segue a hipótese de suicídio. Entretanto, a delegada Maritza Haisi, evitou qualquer definição. “É cedo para afirmar. Despois que os exames feitos no cadáver ficarem prontos é que a investigação vai prosseguir”, disse.
Apesar disso, a família do garoto acredita que ele foi assassinado. Em entrevista à RPCTV, a mãe do adolescente afirmou que o filho estava sendo ameaçado por colegas. Ela disse que ia visitá-lo todos os domingos e que o filho tinha comentado sobre as ameaças. Além disso, o menor contou que já tinha apanhado de outro adolescente. “Ele foi entregue vivo pelo pai e agora voltamos para buscá-lo morto”, lamentou a mulher, durante o velório no Cemitério do Santa Cândida.
A Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social, responsável pelos Centros de Socieducação, informou que sindicância interna foi instaurada para apurar a morte. De acordo com a Secretaria, o garoto recebia acompanhamento psicológico e a família também recebeu apoio após a notícia da morte dele. A Secretaria não comentou se a direção da unidade sabia das denúncias de agressão e de ameaça que o interno fez à sua mãe.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores da Socioeducação do Paraná (Sindsec), Dirceu de Paula Soares, o Cense do Capão da Imbuia está superlotado. São cerca de 40 menores em um espaço destinado à apenas 25. “Eles precisam ficar em celas individuais, mas isso tem se tornado impossível, então são colocados dois, até três por cela. Outro adolescente que dividia cela com o menor encontrado morto, tinha tentado suicídio semanas antes, mas foi impedido”, comentou Dirceu.
A Secretaria contestou a informação do Sindsec e afirmou que o Cense Curitiba tem capacidade para 100 adolescentes e, ontem, abrigava 97. A assessoria do órgão informou que o garoto dividia cela com um adolescente, de 15 anos, com a mesma constituição física e apreedido pelo mesmo delito. Este foi o nono caso de adolescente morto nos Censes do Paraná em quatro anos.
Dirceu ressaltou que o Cense do Capão da Imbuia tem caráter temporário. “Como não abre vaga com facilidade nos Censes de Piraquara e Fazenda Rio Grande, os menores vão ficando nos centros de triagem”, explicou.
Os nomes do garoto e da mãe não foram divulgados em acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, que proíbe a identificação de menores de 18 anos que tenham cometido crime.