Só nesta semana aconteceram dois casos de alunos levando armas de fogo a escolas do Estado. Ontem, um adolescente de 17 anos foi apreendido portando um revólver, em Cambé. Na última terça-feira, ele tinha levado a arma a uma escola, para ameaçar um colega. No mesmo dia, à tarde, em São João do Ivaí, outro menor, de 15 anos, atirou num colega com quem já trocava ameaças, dentro do banheiro da escola estadual onde estudam.
Apesar dos casos não serem relacionados, eles refletem falhas tanto no ambiente familiar, como nas políticas públicas. A opinião é do promotor de Justiça Salvari Mancio, da Vara de Adolescentes Infratores da Comarca de Curitiba. Ele defende a adoção, nas escolas, de estruturas capazes de mediar conflitos, com pedagogos, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais, capazes de detectar e resolver problemas mais graves de comportamento.
?Os professores não são preparados para gerenciar desvios de conduta dos alunos. Tem, aliás, uma lei recente que foi criada para colocar essas equipes nas escolas, mas não tem nenhuma dessas equipes no Paraná ainda.? A lei a que o promotor se refere é estadual, de número 15.075, e entrou em vigor em 2006. Mancio acredita que, enquanto a lei não for implementada, o Estado continuará tendo dificuldades. ?Do contrário, a escola acaba carregando um fardo pesado.?
Mancio lembra, ainda, da responsabilidade dos pais. ?A origem de tudo é a ausência da referência familiar?, diz Mancio, acrescentando que a mera presença da polícia já é capaz de reduzir drasticamente os crimes praticados por menores.