Foi adiado o julgamento de Otaviano Sérgio Carvalho Macedo, o “Serginho” – único denunciado pelo Ministério Público de assassinar a tiros o “bicheiro” Almir José Hladkyi Solarewicz. O júri estava marcado para as 9h de hoje e foi transferido para a primeira quinzena de novembro. O motivo é que uma das cinco testemunhas de acusação, que presenciou a execução do bicheiro, pediu dispensa porque irá se casar. Otaviano Sérgio Carvalho Macedo, o “Serginho”, foi denunciado por homicídio cometido à traição, de emboscada e sem possibilitar a defesa da vítima. O crime ocorreu no dia 20 de setembro de 2000, no Centro Cívico, por volta das 19h.
Tiros
As investigações iniciais apontaram que três homens participaram da execução, mas “Serginho” foi o único nome apurado por policiais da Delegacia de Homicídios, na época comandados pelo delegado Fauze Salmen. Os outros dois não foram identificados. “Serginho” teve a prisão preventiva decretada e foi preso no início do mês de outubro do mesmo ano, mas como era período eleitoral, teve que ser colocado em liberdade e fugiu para os Estados Unidos, retornando mais de um ano depois, quando foi apanhado novamente. Desde então, está recolhido no sistema penitenciário.
Crime organizado
Dois anos após a morte, o delegado Gerson Machado, então titular do 6.º Distrito (Cajuru), investigou o caso novamente. O trabalho começou quando surgiram indícios em outro inquérito que estava sendo apurado na distrital. Na época, a conclusão do inquérito policial era de que Almir foi executado a mando dos chefes do jogo do bicho. Pessoas interrogadas apontavam Francisco Feitosa de Castro, o “Chico Feitosa”, e Fúlvio Martins Pinto, como mandantes, e outras duas pessoas que teriam participado diretamente da execução (entre elas um ex-policial militar). O inquérito foi enviado à 5.ª Vara Criminal de Curitiba, mas não resultou em mais prisões, apesar de o próprio Tribunal de Justiça acreditar que o crime organizado está por trás da morte do bicheiro.
Julgamento
A expectativa é grande em torno do julgamento de “Serginho”, que terá como defensor o advogado Edson Aparecido Stadler. Atuarão na acusação o promotor Cássio Roberto Chastalo e o advogado Cláudio Dalledone Júnior. O julgamento será presidido pelo juiz Rogério Etzel.
Processo sobre o caso ficou dois anos na gaveta
O inquérito que apura a morte do bicheiro Almir José Hladkyi Solarewicz, ocorrido em setembro de 2000, deveria ser investigado pela Promotoria de Investigação Criminal e ficou engavetado por mais de dois anos. Os pedidos de investigação foi feito pela família de Almir e protocolado pelo advogado Cláudio Dalledone Júnior, em fevereiro de 2002.
De acordo com uma certidão expedida pela própria Promotoria de Investigação Criminal (PIC), foi instaurado um procedimento para apurar o homicídio, no dia 3 de abril do mesmo ano. O trabalho para proceder as investigações ficou a cargo do delegado de Polícia Miguel Marcelo César Stadler, que estava lotado no Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gerco), subordinado à PIC. O procedimento permaneceu sem movimentação do dia 14 de agosto de 2002 a 23 de março de 2004. Sem nenhuma investigação, Miguel Marcelo César Stadler encaminhou o procedimento ao coordenador da Promotoria de Investigação Criminal no dia 9 de agosto deste ano.
Coincidência
O assassinato de Almir até hoje está sem solução, sendo que apenas um homem é apontado como autor do crime. Outras investigações já apontaram os mandantes do crime e as outras duas pessoas participantes, mas não resultaram em prisões é nem acusações.
Curiosamente, o advogado Edson Aparecido Stadler, que defende o único preso pelo crime, Otaviano Sérgio Carvalho Macedo, o “Serginho”, é o mesmo que há pouco tempo enviou à redação da Tribuna uma notificação defendendo o bicheiro Fúlvio Martins Pinto, que foi apontado como um dos mandantes do crime nas investigações do delegado Gerson Machado. Coincidentemente, Edson Stadler também é irmão do delegado Miguel Marcelo César Stadler, que ficou com a função de investigar o caso, que até então continua sem solução. Apesar de o próprio Tribunal de Justiça declarar que o crime organizado está por trás da morte do bicheiro, o processo anda “a passos de tartaruga”.
