A suposta vidente Valentina de Andrade, de 72 anos, líder da seita Lineamento Universal Superior (LUS), que seria submetida a júri popular ontem, em Belém (PA), teve seu julgamento adiado, depois que seu advogado abandonou o caso. Valentina, que mora em Londrina, é a quinta e última pessoa acusada de participar da castração de nove meninos, de 8 a 14 anos, e o assassinato de seis deles, em Altamira (PA), entre 1989 e 1993.
Valentina contratou agora o escritório do advogado Cláudio Dalledone Júnior, de Curitiba. Dal-ledone informou ontem pela manhã, logo após a decisão do adiamento do julgamento, que não havia conseguido conversar com sua cliente em particular. No domingo, assim que chegou a Belém, tentou falar com ela, mas não teve privacidade. O júri chegou a ser iniciado e Dalledone discutiu com o juiz, afirmando que ele estava pressionando a ré. Também alegou que que não teve tempo de estudar o caso e por isso pediu o adiamento. O julgamento foi adiado para a próxima segunda-feira.
Condenados
Os outros quatro envolvidos nas mortes em Altamira foram considerados culpados e condenados a grandes penas de reclusão. O ex-policial militar Carlos Alberto dos Santos foi condenado a 35 anos; o comerciante Amailton Madeira Gomes, a 57; e os médicos Anísio Souza e Césio Brandão a 77 e 56 anos respectivamente. Todos se dizem inocentes e anunciaram que vão recorrer da decisão.
A seita liderada por Valentina foi investigada no Paraná por suspeita de envolvimento com o desaparecimento de crianças em Umuarama e Guaratuba. João Bossi, pai do menino Leandro Bossi, sumido em Guaratuba há 11 anos, exatamente na época em que Valentina e membros de sua seita estavam hospedados em um hotel na cidade, está tentando viajar para Belém, para ser ouvido pela promotora que atua no caso de Altamira. Ele acredita que seu filho também pode ter sido uma vítima da seita LUS.