O ex-agente penitenciário Herculano Bocchi Neto, 31 anos, acusado de matar o policial civil Gerson Francisco Cornélio da Silva, 42, o “Gersinho”, no estacionamento da casa noturna Rancho Brasil, em agosto de 2011 durante troca de tiros, foi absolvido ontem. O julgamento terminou por volta das 21h, no Tribunal do Júri, com a promotoria e a defesa concordando que ele agiu em legítima defesa. A votação dos jurados foi unanime a favor de Herculado.
“Pelo que foi apurado, a vítima preparou tocaia para matar o réu. Depois que dois colegas de Gerson atiraram mais de 30 vezes contra o veículo de Herculado, o policial foi conferir se o alvo estava morto. Quando abriu a porta, o ex-agente, apesar de ter o carro crivado por balas, estava apenas ferido e o matou para se defender”, concluiu o promotor Marcelo Balzer.
Gerson havia sido expulso da polícia, mas mediante mandado de segurança, foi reintegrado à corporação. “Ele foi responsável por vários homicídios, além de extorsão, tráfico e formação de quadrilha. Um dos motivos que pode tê-lo feito preparar a armadilha contra Herculado foi uma discussão que tiveram dias antes à troca de tiros”, explicou Balzer.
Namorada
Para a defesa, o pano de fundo do crime foi passional. No dia dos tiros, Herculado chegava à casa noturna, na Avenida Comendador Franco (Avenida das Torres), e teria cruzado com a ex-namorada,que estava na companhia de Gerson. Os dois teriam se exaltado e dado início ao tiroteio. Herculano e a moça foram socorridos, enquanto Gerson morreu no local.
“A discussão entre os dois foi por causa da moça. Ficou preso por 100 dias e depois respondeu em liberdade”, disse o advogado Adriano Bretas.
Na época do crime, Gerson era investigador na Delegacia de Vigilância e Capturas (DVC) e respondia a processos disciplinares. Herculado tinha pedido exoneração do cargo de agente penitenciário poucos meses antes. Cursava direito e se preparava para ser Policial Militar.
Fogo amigo
Este foi o segundo crime cometido na saída do Rancho Brasil a ser julgado pelo Tribunal do Júri em 15 dias. Na quinta-feira retrasada o ex-policial militar Marcelo Alves, 32, foi condenado a 17 anos de prisão, por matar o colega de farda Fábio Skora Santos Bueno, em março de 2012. Marcelo teria se envolvido em confusão e atirou para cima. Fábio, não sabendo que ele era policial, tentou abordá-lo, mas foi alvejado e morreu na hora.