Preso há mais de quatro anos, sob a acusação de integrar uma das maiores quadrilhas de extermínio do estado – envolvida em assassinatos, assaltos, tráfico de drogas e de armas – o policial militar Jeferson Martins, 26 anos, foi colocado em liberdade ontem. Ele estava preso junto com outros 16 acusados, desde o final de abril de 2002. Ontem, a 3.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça enviou telegrama ao Tribunal de Justiça ordenando que o PM fosse colocado imediatamente em liberdade. A reportagem da Tribuna entrou em contato com o advogado de Jeferson, Alessandro Maurici, que disse que só irá se pronunciar sobre o caso na semana que vem.
O advogado Cláudio Dalledone Júnior, que defende o PM Jean Adan Grott, 28, preso sob a mesma acusação, explicou que o advogado de Jeferson entrou com habeas corpus alegando excesso de prazo, mas o ministro concedeu a liberdade provisória. ?O interessante é que o Superior Tribunal de Justiça está olhando com outros olhos para este caso. Estamos há cinco anos sem marcar o julgamento. Este caso vai desaguar num dos mais rumorosos erros do judiciário?, disse Dalledone. Ele informou que também entrou com pedido junto ao Supremo Tribunal Federal para que seu cliente seja colocado em liberdade.
Extensão
O benefício dado para Jeferson Martins pode ser estendido para outros presos, que respondem pela mesma acusação. ?Se fosse concedida a liberdade por excesso de prazo se estenderia aos demais presos, como não foi, tem que ser analisado o caso de cada um, para verificar quem tem direito?, salientou Dalledone.
O advogado Matheus Gabriel Rodrigues de Almeida, que defende André Luiz dos Santos, o ?Andrezinho?, informou que irá entrar com pedido para estender o benefício a seu cliente.
Processo enrolado
Dos 17 acusados de integrar a quadrilha, que seria responsável pela morte de 21 mulheres e diversos homens, além de assaltos, tráfico de drogas e de armas, 16 continuam atrás das grades. Entre os presos estão seis policiais militares: Juliano Vidal de Oliveira, 29 anos; Jean Adan Grott, 28; Juarez Silvestre Vieira, 40; José Aparecido de Souza, 30; Marcos Marcelo Sobieck, 32; e Leily Pereira, 25.
E ainda: o escrivão da Polícia Civil Alexander Perin Pimenta, 34; o assistente de segurança da Polícia Civil Luiz Antônio Alves da Silva, 43; o comerciante Sebastião Alves do Prado, o ?Tião?, 45; o motorista Celso Luiz Moreira, conhecido como ?Celso Seco?, 36; Paulo Celso Rodrigues, o ?Celsinho?, 41; a comerciante Maria Rosana de Oliveira, conhecida como ?Rosana Zen?, 43; Antônio Martins Vidal, ?Tico?, 51; Valdirio Adir Mangger, 39; Ananias Santos, e André Luiz dos Santos, conhecido como ?Andrezinho?, 26.
Todos os acusados foram denunciados pelo Ministério Público, em 2004, por homicídio qualificado. Depois disso, vários advogados entraram com pedidos de habeas corpus sob diversas alegações, entre elas excesso de prazo, mas somente agora a Justiça concedeu liberdade para um deles. O caso só não foi resolvido até então devido a complexidade e o excesso de recursos impetrados pelos defensores.
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