Acusado de crime no Morro do Boi diz que foi torturado

Policiais que participaram da prisão de Paulo Delci Unfried, 32 anos, em junho, ficaram indignados com o depoimento dele frente ao juiz, o que classificaram de artimanha para reverter a confissão espontânea que ele havia feito na delegacia.

Segundo comentaram, Paulo não foi torturado na delegacia de Matinhos nem no quartel da Polícia Militar, para confessar o crime ocorrido no Morro do Boi, em Caiobá.

O revólver, calibre 38, usado para matar Osíris Del Corso, 22, e Monik Pergorari de Lima, 23, em 31 de janeiro, no morro, estava com Paulo. Ao saber do exame que constatou o uso da arma no crime, ele tentou suicídio e, depois confessou, segundo a polícia.

Em depoimento ao juiz Rafael Luís Brasileiro Kanaiama, na quinta-feira, Paulo alegou que sofreu pressão psicológica, ameaças e que dispararam tiros próximos à sua cabeça, para que confessasse o crime.

Mas não se referiu se tal crime era o do Morro do Boi ou se eram os assaltos pelos quais era procurado. Já os PMs que participaram da prisão, embora não possam se manifestar oficialmente, revelam que há dias estavam à procura de Paulo, que assaltava condomínios com um Gol vermelho, usando de violência contra as vítimas (estuprou uma delas e em dois outros casos deixou as pessoas sem roupas).

Especial

Quando o prenderam, não sabiam seus dados pessoais, nem se tinha família. Paulo assegura que sua mulher, seu filho de 8 anos e até sua amante foram ameaçados pelos PMs.

Ele permaneceu dentro do quartel de Matinhos o tempo suficiente para que a última vítima (uma mulher violentada) o reconhecesse. Depois foi entregue à delegacia.

Na delegacia, o titular Tadeu Belo o recolheu em uma cela especial, destinada aos autores de crimes sexuais, e ali ele permaneceu sem qualquer problema, até o dia em que tentou se matar por enforcamento.

Antes disso, passou as horas jogando baralho com outros três detentos, conversando pouco e dormindo muito. Aos colegas de cela ele também teria confessado o crime no morro. Paulo também foi submetido a exame de lesão corporal, que indicou apenas o ferimento no pescoço, compatível com a tentativa de suicídio.

Ontem, o delegado garantiu que ele não sofreu nenhum tipo de tortura nem de pressão. “Pelo contrário, o tratamos com muito cuidado para que nada acontecesse”, declarou Belo. O policial disse que era esperado que Paulo negasse em juízo aquilo que havia dito na delegacia e às promotoras.

População está dividida

Os moradores de Matinhos estão divididos. Muitos garantem que o assassino é Paulo e que ele mentiu ao juiz. Outros acham que Juarez Ferreira Pinto, 42, foi quem cometeu o crime.

As diligências realizadas pelo Gaeco (grupo de apoio ao Ministério Público) continuam em sigilo, assim como o caso todo, que está em segredo de Justiça. A informação de Paulo, que disse ter emprestado o revólver para um indivíduo de nome Célio, está sendo apurada.

Este nome já havia aparecido no início das investigações, segundo a polícia, mas foi descartado depois da prisão de Juarez e do reconhecimento dele feito por Monik.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna