A frente do ônibus ficou destruída. Bombeiros (detalhe) resgataram as vítimas. |
A viagem para Jesuítas recém havia começado, quando foi abruptamente interrompida pela traseira de um caminhão, quinta-feira à noite. O ônibus da empresa Nordeste, conduzido por José Paulo Monfrini, 48 anos, saíra da Rodoferroviária às 22h, para parar no quilômetro 103 da BR-277, logo após a divisa com Campo Largo, ao colidir com o Scania, placa ABB-8760. O motorista morreu prensado nas ferragens e 14 passageiros ficaram feridos, quatro em estado grave. Além deles, várias pessoas com escoriações acompanharam e ajudaram os bombeiros no serviço de resgate às vítimas.
Pouco antes de sair da Rodoferroviária, com a lotação quase completa, José Paulo brincara com João Matte, cunhado de uma das vítimas, elogiando os novos ônibus da empresa e dizendo que em mais de 20 anos de estrada nunca havia precisado utilizar as saídas de emergência dos veículos que conduzira. Sandra Aparecida de Souza Alves, 25 anos, parente de João, foi atingida por estilhaços de vidro, mas estava fora de perigo. A mesma sorte não tiveram Luiz Henrique Lima Mainieri, 27, e mais três pessoas que ocupavam as primeiras poltronas. Eles ficaram presos nas ferragens, onde receberam os primeiros atendimentos de socorristas do Siate e da Rodonorte, até serem retirados pelas janelas do ônibus.
Pânico
Alguns passageiros relataram que sentiram uma freada leve e, em seguida, o impacto. Gritos e choros se misturaram com o ruído da rodovia, e as vítimas que conseguiram se locomover auxiliaram umas às outras para sair do veículo. “Abri a saída de emergência e ajudei a retirar algumas crianças”, relatou Orlins Ramos, 40. O resgate se completou com a chegada dos bombeiros, que utilizaram equipamentos especiais para abrir espaço entre as poltronas e liberar as vítimas que ainda estavam no ônibus. Com uma escada, elas puderam alcançar o gramado do canteiro central e esperar o fim do pesadelo, entre pedaços do ônibus e cacos de vidro.
A perita do Instituto de Criminalística avaliou o acidente para tentar descobrir a sua causa. O caminhoneiro Valdemar Chamberg, 57 anos, seguia de Paranaguá para Ponta Grossa, com uma carga de adubo. “Estava ultrapassando uma carreta e só escutei o estouro”, relatou, afirmando que as luzes de seu veículo estavam acesas. “Estou nessa profissão há 33 anos e nunca havia me acontecido algum acidente”, disse.
Feridos
Policiais rodoviários estaduais controlaram o trânsito, que não foi interrompido, mas ficou lento, formando uma fila de cerca de três quilômetros. De acordo com a lista divulgada pela PRE, os feridos foram, além dos já citados: Hilda Castorina Carvalho Barbosa, 44 anos, André Felipe dos Santos, 6, Antônia Aparecida dos Reis Freire, 36, Silvana Tenório dos Santos, 29, Claudionor Lorencio Justiniano, 30, Laura Maria Alberto, 31, Cassilda Calux Santos, 40, Ana Paula Aparecida Suntaque, 3, Bernadete Regina dos Santos, 42, Enilda Terezinha Eudocia Vieira Taborda, 33, Denise Vieira Taborda, 5, e José Maria Silva, 62. Os dois últimos estavam com ferimentos leves e foram encaminhados ao Hospital Cajuru, junto com Enilda. Os outros foram levados ao Hospital Evangélico.
Estes três escaparam do pior
Renato Cardoso, 39 anos, trabalha com manutenção de caixas eletrônicos e ia para Campo Mourão. Na hora de comprar a passagem, lhe ofereceram lugares na frente. “Eu sou viajante, prefero ir para o fundão”, contou. Pegou o número 42, e mesmo assim recebeu contusões nas pernas. Neuza, 32, e sua sobrinha Francieli, 17, se encontraram por acaso na Rodoferroviária e descobriram que iriam compartilhar a viagem, também para Campo Mourão. “Troquei de lugar com uma passageira, para que pudéssemos ficar juntas. A mulher se machucou”, lamentava Neuza. Ela estava inconformada com a morte de José Paulo. “Ele brincou com a gente, estava alegre”, lembrou.