Acidente na BR-116 mata presidente da Copel

O presidente da Companhia Paranaense de Energia (Copel), Ronald Thadeu Ravedutti, 59 anos, morreu ontem em um acidente de trânsito. A ocorrência foi por volta das 6h30 de ontem, no km 38 da BR-116, em Campina Grande do Sul, ao lado do reservatório da Usina Hidrelétrica Parigot de Souza, na Represa Capivari-Cachoeira.

Ravedutti retornava de São Paulo num carro da empresa quando o motorista perdeu o controle numa curva por causa da pista molhada. O carro rodou e atingiu o canteiro central da rodovia. Com o impacto, o veículo teria rodopiado no ar, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Ravedutti, que estava no banco de trás, possivelmente sem cinto de segurança, foi arremessado pelo vidro traseiro do veículo Renault Scénic e morreu na hora. O motorista Sebastião Marcos da Silva, 53 anos, e o fotógrafo da Coordenação de Marketing, Antônio Carlos Borba, sofreram ferimentos leves.

Eles retornavam de São Paulo, onde haviam participado do XIX Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (Sendi) e prestigiaram as equipes da Copel que conquistaram dois primeiros lugares do Rodeio Nacional de Eletricistas, que ocorreu em paralelo ao evento. Como tinham uma reunião pela manhã, Ravedutti viajou de madrugada. Momentos antes do acidente, os três teriam parado para tomar café.

Segundo o agente Lotário Dresch, da PRF, o motorista relatou que perdeu a direção do veículo na curva. “Ele disse que a pista estava molhada, o que fez com que perdesse o controle ao sair da curva. Ele colidiu com o canteiro central e capotou no ar, quando provavelmente o presidente da Copel foi arremessado pelo vidro traseiro ou pelo porta-malas que se abriu. Pela trajetória do carro, deduz-se que a velocidade não era compatível com as circunstâncias do local”, contou o policial. Conforme a polícia, não chovia no momento do acidente, mas a estrada estava escorregadia por causa da neblina. A perícia não constatou marcas de frenagem nem óleo na pista.

Choque

O veículo ficou atravessado na rodovia e o corpo de Ravedutti caído ao lado do carro. Quando chegou ao local, o policial conta que o motorista estava em choque e segurava o presidente da Copel em seus braços que ficaram manchados de sangue. Segundo o agente Dresch, Sebastião foi submetido a exame de dosagem alcoólica que deu negativo. Ele inclusive disse aos policiais que não estava acima da velocidade.

Átila Alberti
Carro se perdeu em curva na BR-116.

Uma ambulância da concessionária que administra o trecho foi ao local, mas quando o socorro chegou Ravedutti já estava sem sinais vitais. O trânsito ficou em meia pista no trecho até por volta das 8h30.

Cuidados

O agente alerta para os cuidados redobrados que o motorista deve ter quando encontra a pista molhada, além do uso do cinto de segurança no banco de trás, que é obrigatório segundo Código Nacional de Trânsito (CNT).

“Numa pista molhada, a regra número um é reduzir a velocidade e a marcha antes de chegar na curva. Quando se entra nela freando é fácil perder o controle. Como o teto do veículo não sofreu avaria e os outros dois passageiros sobreviveram, acredito que se ele estivesse usando cinto estaria vivo agora”.

Executivo trabalhou por 40 anos na empresa

Ravedutti era economista e assumiu a presidência da Copel em 27 de abril deste ano no lugar de Rubens Ghilardi. Ele era empregado de carreira da companhia, onde ocupou vários cargos em 40 anos de sua trajetória profissional.

Foi diretor Financeiro e de Relações com os Investidores em duas oportunidades, diretor de Gestão Corporativa, diretor de Distribuição até se tornar presidente da empresa pública. Ele era casado e tinha três filhos. (JM)

Empresa já anunciou interino

Com a morte r,epentina de Ronald Ravedutti, quem assume a liderança da Copel interinamente é Raul Munhoz Neto, atual diretor de Geração e Transmissão de Energia e de Telecomunicações da empresa.

Durante o velório no auditório Mário Lobo, no Palácio das Araucárias, no final da tarde de ontem, Raul ressaltou o trabalho de Ravedutti. “Temos que
reconhecer a liderança dele dentro da Copel, um dinamismo espetacular. Foi um cidadão que dedicou 40 anos da vida à empresa e nos deixou um exemplo muito bom de espírito de luta, que temos que valorizar. Vamos seguir”, desabafou.

Nos próximos dias será marcada uma reunião do Conselho de Administração da Copel para deliberar sobre a eleição de um novo presidente. O governador Orlando Pessuti decretou luto oficial de três dias pela morte de Ravedutti, de quem era amigo há 28 anos.

Em Brasília, ele declarou que “é uma perda muito grande do ponto de vista da amizade, do ponto de vista partidário – companheiro da militância política – e para o setor energético do Brasil”.

Pesar

O presidente estadual do PMDB, Waldir Pugliesi, propôs na Assembléia Legislativa votos de pesar à família de Ravedutti, aprovados por unanimidade. O presidente da casa, Nelson Justus (DEM), foi um dos primeiros a chegar ao velório e também falou sobre o líder da Copel.

“A gente custa a entender como alguém deixa esta vida de uma maneira tão besta, em um acidente de trânsito na estrada. O Paraná perdeu um líder que vinha dirigindo a Copel com pulso firme, um homem que fez sua lição de casa na vida pública”, lembrou.

No velório ainda esteve presente a senadora eleita Gleisi Hoffman (PT), que dias antes esteve reunida com Ravedutti e ficou chocada. “Há dois dias estive em uma reunião com ele e percebi o empenho de quem é funcionário de carreira. Pessoalmente fiquei impactada. Mesmo com o fim de ciclo de governo, ele queria resolver os problemas da Copel e mostrou que tinha um compromisso muito forte com essa empresa”, afirmou.

O corpo de Ravedutti seguiu nesta madrugada para Santo Antônio da Platina, onde será velado durante a manhã na Câmara Municipal. O sepultamento está marcado para as 11h no Cemitério São João Batista. (Fernanda Deslandes)

Cinto de segurança pode salvar vidas mesmo no banco de trás

Paula Melech

Há dois meses, a publicitária Karina Lago, de 28 anos, estava voltando de uma reunião com duas amigas quando um motorista alcoolizado colidiu na traseira do carro em que estavam.

Sentada no banco de trás e utilizando o cinto de segurança, a publicitária não sofreu nenhum ferimento, mas as amigas sem cinto tiveram graves ferimentos na cabeça e nos braços.

“Para mim é um costume usar o cinto, afinal todo o cuidado é pouco no trânsito”, constata. Entretanto, a consciência da importância do uso do dispositivo de retenção não é unanimidade.

A morte do presidente da Copel, Ronald Ravedutti, em um acidente ontem, levanta a questão sobre a importância do uso do cinto.O inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Fabiano Moreno, ressalta que a utilização do dispositivo no banco de trás é tão imprescindível quanto no banco dianteiro.

De acordo com ele, além de evitar que os passageiros sejam lançados para fora do veículo, o cinto impede que os ocupantes se choquem contra o interior do veículo ou entre si.

Alarmante

Os acidentes com a falta do cinto de segurança apresentam uma dimensão significativa no cotidiano dos hospitais. No primeiro semestre deste ano, 45% das vítimas na posição de condutores não utilizava o equipamento, assim como 59% dos passageiros no banco dianteiro.

O número aumentou para 81% quando se tratavam dos ocupantes do banco traseiro. Os números são da Rede de Hospitais Sarah. Segundo dados do Registro Nacional de Infrações de Trânsito (Renainf), a falta do uso do cinto é a terceira infração mais cometida por veículos fora do estado de emplacamento, com 978.870 ocorrências de janeiro de 2004 até julho de 2010.

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