Um grave acidente na PR-444, na região de Rolândia, no Norte do Paraná, pode ter desmascarado um esquema de entrada ilegal de mão-de-obra boliviana no Brasil. Um ônibus da empresa Aruanã Turismo, de Foz do Iguaçu, saiu da estrada sob a forte neblina da madrugada e capotou algumas vezes, por volta das 3h, antes de parar no pátio de uma empresa. Entre os passageiros, três brasileiros, bolivianos e argentinos, somando 56 pessoas – o ônibus tinha capacidade para 46 passageiros. A empresa só tinha registro de 13 passageiros, o que chamou a atenção da Polícia Federal.
Na colisão, três bolivianos – Cecílio Fiesta Gutierrez, uma criança de aproximadamente cinco anos e uma mulher, não identificados – morreram na hora. Outros 52 feridos foram levados ao hospital João de Freitas, em Arapongas, e à Santa Casa de Apucarana. Alguns estavam bastante machucados, inclusive com membros amputados. O choque foi tão forte que as pessoas tiveram que sair pelas janelas e aguardar o atendimento deitados em cobertores no gramado.
Segundo o delegado Kandy Takahashi, da Polícia Federal de Londrina, os bolivianos afirmam que estavam indo para São Paulo para fazer turismo. Entretanto, como a maioria estava com a documentação irregular, será aberta uma investigação. "De antemão, os que não tinham autorização para entrar no Brasil serão deportados, assim que recebam alta", diz o delegado, que foi ao hospital interrogar os bolivianos.
A superlotação do ônibus, somada às irregularidades nos documentos do bolivianos levantaram a hipótese de um tráfico de mão-de-obra barata. Em entrevista à Rádio Transamérica Norte do Paraná, de Arapongas, Charles Richard, boliviano de 22 anos, disse que eles tinham sido agenciados por pessoas do Paraguai e do Brasil para trabalhar em São Paulo. Ele já teria emprego garantido em uma empresa de confecções. Richard disse que todos tinham consciência de que estavam correndo risco, mas o emprego compensava.
