Acidente e mortes na fábrica de explosivos

Duas pessoas morreram e uma ficou gravemente ferida na explosão, ocorrida na noite de anteontem, na empresa IBQ Indústrias Químicas Ltda, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. A empresa é uma das maiores fabricantes de explosivos, material bélico e acessórios de detonação da América Latina. A explosão ocorreu no setor de embalagem de brinel (acessório de iniciação de explosivos) logo após os funcionários terem começado o turno das 23 horas. Ontem, peritos do Instituto de Criminalística, policiais da Delegacia de Explosivos, Armas e Munições e representantes do Exército estiveram no local para apurar as causas do acidente.

José Leandro Brazau, 25 anos, e Pedro Prestes de Oliveira, 43, não resistiram aos ferimentos e morreram no local. Deli Pereira dos Santos, 49 anos, foi internado no Hospital Evangélico e, segundo informações do Corpo de Bombeiros, teve as mãos amputadas. Um quarto funcionário que trabalha na área de acesso restrito não sofreu ferimentos. Os demais setores de manuseio e fabricação de produtos, que ficam em barracões diferentes, não foram afetados.

Resgate

O Corpo de Bombeiros retirou apenas um dos corpos na noite da explosão. O outro foi resgatado ontem pela manhã. Os socorristas não continuaram o trabalho durante a madrugada porque não tinham condições de avaliar se ainda havia risco de nova explosão. Pela manhã a possibilidade foi descartada.

O delegado de Quatro Barras, Erineu Sebastião Portes, já instaurou inquérito e hoje começa a ouvir as primeiras testemunha do episódio. Segundo ele, a princípio trata-se de um acidente de trabalho. O inquérito deverá apurar se houve negligência no acondicionamento do material.

A Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam) também vai colaborar no inquérito. Segundo o delegado chefe, Guaraci Hoffmann, a suspeita é de que houve falha humana no manuseio do material. A empresa estava com a documentação em ordem e há apenas 10 dias havia conseguido o alvará anual de funcionamento. O delegado comenta que no local não havia muitas espoletas, só o suficiente para a atividade noturna. Os funcionários trabalhavam juntando o brinel à espoleta e ainda não se sabe se foi esta atividade que causou a explosão. Um dos funcionários que morreu tinha 23 anos de experiência no setor e estava quase se aposentado.

Nota

Em nota oficial a direção da empresa informou que logo após o acidente foram tomados todos os procedimentos de segurança interna, prestando os primeiros socorros. A área foi isolada e os trabalhos da empresa foram suspensos. Os 400 funcionários retomam hoje as atividades normais.

Na nota, a empresa informa ainda que toda a documentação está em dia e que atua neste ramo há mais de 20 anos. Também instaurou procedimento interno de investigação em conjunto com o Exército. Os familiares receberam assistência necessária.

Este foi o terceiro acidente na empresa, que está instalada em Quatro Barras desde 1961, comprada pelo grupo CR Almeida em 1968. Em julho de 93, um paiol explodiu, causando apenas danos materiais. Em maio de 2000, uma pessoa morreu na segunda explosão. A imprensa não teve acesso ao local.

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