Os ossos encontrados na segunda-feira da semana passada, em duas fossas de uma empresa de produtos químicos, na Cidade Industrial, são humanos. A informação é do delegado Marcus Vinícius Michelotto, titular da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas, que acredita que restos mortais possam pertencer aos caminhoneiros Marcílio Monteiro Alencar, 42, e José Antônio Martins, 38, desaparecidos desde novembro do ano passado.
Michelotto suspeita que os dois caminhoneiros foram mortos, no dia 10 de novembro. A última vez que os dois foram vistos foi quando deixaram, juntos, a transportadora onde trabalhavam, em Araucária. Os dois conduziam seus caminhões bitrem carregados com 89 mil litros de combustível, com destino a Cuiabá (MT). O delegado acredita que o autor do duplo homicídio seja Ataíde dos Santos, 38 anos, preso em Cuiabá (MT), que teria contado com a ajuda de João Maria Guimarães dos Santos, preso em São José dos Pinhais.
Encontro
O delegado disse que a ossada foi achada após diversas investigações, que apontaram que Ataíde, também caminhoneiro, ficou parado nas proximidades da empresa química por um longo período. ?Pedimos à transportadora o histórico do caminhão de Ataíde, que era rastreado por GPS?, explicou Michelotto. Os policiais descobriram ainda que Ataíde tinha um relacionamento estreito com uma das vítimas e com os proprietários da empresa onde os ossos foram encontrados. Ele fazia fretes para a indústria e costumava pernoitar naquele local.
Na semana passada, os policiais fizeram buscas na empresa e localizaram uma fossa, que continha pedaços de ossos e alguns dentes. Nas paredes da empresa havia marcas de tiros, indicando que os motoristas podem ter sido mortos no local. Porém, o delegado preferiu chamar peritos do Instituto de Criminalística para examinarem o local e os ossos foram recolhidos para análise. ?Primeiro, esperamos os resultados, porque corríamos o risco de os ossos não serem humanos. Agora, o material será submetido a exames de DNA para constatar se são dos caminhoneiros. A esperança que o exame dê positivo é grande, devido aos resultados das investigações?, salientou o delegado.
Morte
Michelotto supõe que Ataíde se aproveitou da amizade que mantinha com um dos caminhoneiros, para levá-los até o local do crime, onde os matou a tiros e, depois, queimou os corpos junto com pneus. Em seguida, foram derramados produtos químicos nos cadáveres para ajudar na decomposição.
As investigações apuraram que Ataíde teria atraído os motoristas para a empresa, com a proposta de venda de pneus mais baratos. ?Como o Ataíde era amigo de um deles, sabia que estavam precisando trocar os pneus dos caminhões. Mas, ao chegarem ao local combinado, Ataíde e João Maria roubaram os caminhões e sumiram com as vítimas?, detalhou o delegado.
Suspeito acusa comparsa
Após a prisão de Ataíde no mês de julho, a polícia identificou João Maria Guimarães dos Santos, preso há dez dias, por policiais da delegacia de São José dos Pinhais, sob a acusação de integrar uma quadrilha de roubo de cargas e de caminhões. ?João foi interrogado e confessou suas participações, mas atribuiu as mortes a Ataíde?, contou Michelotto.
Ataíde foi preso sob a acusação de assassinar o caminhoneiro Jair Lima Fernandes, 35 anos, que desapareceu no pátio do posto Mangueirão, naquela cidade, com uma carga de resina. O corpo de Jair foi encontrado 72 dias depois do desaparecimento, numa estrada de chão. A carreta estava abandonada no Posto 120, na BR-070, que liga Cuiabá a Cáceres. ?No caminhão de Ataíde a polícia encontrou sangue, e ele confessou o crime e apontou o nome de dois comparsas?, contou Michelotto.
?Vamos interrogar o suspeito. Ainda estamos analisando se iremos pedir a transferência dele para Curitiba, ou se vamos até Cuiabá ouvi-lo?, disse Michelotto. As investigações continuam para identificar outros integrantes do grupo e recuperar os caminhões roubados, que ainda não foram recuperados.