A diminuição da criminalidade nas cidades pode ter uma solução simples: a criação dos Conselhos Comunitários de Segurança. A ação conjunta da comunidade e das polícias tem alcançado bons resultados em vários bairros de Curitiba e diversas cidades do Paraná. Existem 43 conselhos na capital e outros 124 no interior do Estado.

O coordenador estadual dos Conselhos Comunitários de Segurança do Paraná, Benjamim Zanlorenci, explica que há mais de vinte anos a comunidade está se unindo para resolver os problemas onde mora. Essas organizações, porém, funcionavam de maneira ineficiente e sem o conhecimento do governo, o que prejudicava os resultados. Em setembro de 2003, o governo estadual regulamentou o funcionamento dos conselhos de forma padronizada. “Isso dá legitimidade junto aos órgãos de segurança e credibilidade junto aos conselhos, que têm certeza de possuir uma boa ferramenta em mãos”, afirma.

Atualmente, os conselhos não fazem apenas reuniões, discutem os problemas e reivindicam soluções. As entidades organizam projetos sociais, de revitalização do bairro e de combate à criminalidade. Elas são caracterizadas pela proximidade com os responsáveis pela segurança pública na área em questão. Cada conselho tem como membros natos o delegado e o comandante da Polícia Militar do bairro. “A presença dos policia ajuda muito porque ficamos frente a frente. As soluções são propostas e há uma resposta imediata. Tudo já sai documentado e temos certeza de que o problema será resolvido”, conta Alberico Ventura do Nascimento, presidente do Conselho Comunitário de Segurança da Área Central de Curitiba. “Nós conhecemos o policial e ele nos conhece. Temos muita confiança porque sabemos que podemos contar com ele”. Para Zanlorenci, está acontecendo um resgate da confiança entre polícia e comunidade. “Eles estão realmente sendo parceiros e ajudando a solucionar algumas dificuldades que a polícia tem”, avalia.

Nascimento explica que o conselho da área central surgiu em decorrência do grande número de assaltos e da venda de drogas feita livremente: “Tínhamos muitos pontos de crack. Toda a área estava abandonada”. Com a união da comunidade e da polícia, foi montado um posto policial com telefone e toda a estrutura para o profissional atender às necessidades do local. “Em vez de ligar para o telefone 190, os moradores ligam direto para o posto. O policial de plantão já aciona a viatura. Todo o processo é mais rápido”, conta Nascimento. Na opinião dele, essas ações diminuíram os índices de criminalidade na região, melhoraram a aparência do local e fizeram com que os proprietários também cuidassem de seus imóveis. “Agora nós queremos investir na revitalização do setor histórico e tirar essa imagem de que ele é perigoso. Além disso, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) vai restaurar alguns prédios na Praça Tiradentes, perto da Catedral, que são ocupados por consumidores de drogas”, explica o presidente.

Variantes

Zanlorenci indica que os resultados dependem de cada bairro. No Jardim Social, exemplifica, o índice de criminalidade caiu brutalmente, principalmente os furtos ao patrimônio. O conselho mantém no bairro um escritório operacional que serve de parada para os policiais. Outro bairro que conseguiu diminuir drasticamente a criminalidade depois da criação do conselho foi o Jardim das Américas.

Os conselhos são montados pelos moradores e comerciantes interessados em melhorar a região, principalmente na questão da violência. Os interessados podem solicitar a criação do conselho na Secretaria de Estado da Segurança Pública, na delegacia ou no batalhão da Polícia Militar mais próximo.

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