O ex-policial civil Ricardo Abilhoa, preso por extorsão, denunciou em seu depoimento na Justiça Federal que quem mandou que ele pedisse R$ 1 milhão para o traficante internacional Lúcio Rueda Busto, o ?Mexicano?, foi o delegado Vinícius Borges Martins, na época lotado na delegacia de Cerro Azul. Ele alegou que seu pai, o procurador de justiça Dartagnan Cadilhe Abilhoa, não tinha conhecimento da negociação. Já Vinícius garante que passou a informação diretamente para o procurador.

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Ricardo conta que no dia 18 de junho de 2004 recebeu um telefonema do delegado Vinícius, falando que teria um serviço para fazer, através da Promotoria de Investigação Criminal (PIC), e pediu para que Ricardo telefonasse para seu pai. ?Aí eu liguei para o meu pai, meu pai ligou para o doutor Vinícius da PIC (delegado Vinícius Augustus de Carvalho), e falou: ?veja uma equipezinha aí, que acompanhe o Ricardo até o local??, relatou. Segundo ele, a informação repassada era de que o traficante internacional estava dentro de um cemitério e ele deveria fazer a abordagem. Após o telefonema, Ricardo e o ex-policial Carlos Eduardo Carneiro Garcia, o ?Carlinhos?, foram até o cemitério. Segundo Ricardo, o delegado Vinícius Borges Martins não tinha explicado quem era a pessoa que iria abordar, somente dizia era um ?bandido grande?. Após a abordagem, por volta das 16h, Lúcio foi levado à PIC, para o delegado Vinícius Augustus. Na sala ainda estava um escrivão e mais três policiais, o delegado Vinícius Martins, além de Ricardo e Carlinhos. Segundo Ricardo, Vinícius Martins começou a indagar ?Mexicano?, avisando que ele sabia quem ele era e o que fazia. Depois foi embora.

Dólares

Ricardo alega que em nenhum momento sabia que se tratava de um traficante internacional, que tinha documentos em nome de Ernesto, e foi ouvido e liberado após a colheita de digitais. Mais tarde, o delegado teria lhe contado que ?Mexicano? era traficante internacional, integrante de um cartel e teria feito cirurgia plástica. ?E aí falou assim: minha intenção é tomar dinheiro do cara, tem muito dinheiro?.

Delegado

O delegado Vinícius Borges Martins confirmou que repassou o ?serviço? para a Promotoria de Investigação Criminal, mas negou que tenha orientado Ricardo a pedir dinheiro para ?Mexicano?. ?Eu estava lotado em Cerro Azul e recebi a informação de um informante. Procurei um amigo que é delegado da Polícia Federal e ele disse que não tinha nada contra esta pessoa. Esqueci o assunto; como o informante insistiu passei para a PIC?, afirmou o delegado.

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Vinícius disse que como conhecia Ricardo, que era policial civil, pediu que ele marcasse uma audiência com seu pai, o procurador de justiça Dartagnan Cadilhe Abilhoa, que na época era coordenador da Promotoria de Investigação Criminal (PIC). ?Repassei a informação para ele, inclusive os dois nomes que o ?Mexicano? usava?.