A notícia não pode esperar

Até que ponto o preciosismo executivo pode se sobrepor ao clamor popular e à necessidade de informar? Como você confere na edição de hoje, a mulher que, fantasiada de enfermeira, seqüestrou a bebê Gabriele, com apenas 12 horas de vida, do Hospital Evangélico, foi localizada e presa. E a menina recuperada sã e salva, num belo trabalho desempenhado pelas equipes policiais envolvidas no caso, em especial o Sicride (Serviço de Investigação de Criança Desaparecida). Com auxílio primordial da imprensa e populares, diga-se de passagem, que através de denúncias orientaram a investigação.

A prisão ocorreu por volta das 18h, mas a informação, chancelada pela Secretaria da Segurança Pública, chegou à redação pouco antes das 20h. O recado da assessoria foi, simplesmente: a seqüestradora foi presa! Sim, e daí? Qual o nome dela? E a criança? Como aconteceu a prisão? Para estas perguntas, nenhuma resposta. No lugar, uma desculpa esfarrapada e, pouco depois, perto das 21h, uma mensagem de pager dizendo que a raptora havia sido encontrada e seria apresentada, juntamente com a criança, hoje, às 9h, pelo secretário da Segurança Pública. O nome descobrimos depois, por mérito da repórter.

Por que? A população torceu, ávida, pelo fim do escabroso caso e devido castigo à criminosa. E deveria ser respeitada, com a informação precisa sobre o desfecho. Mas a burocracia estelar, pasme, amigo leitor, impediu que trouxesse-mos, nesta edição, a imagem da seqüestradora. A cara de uma mulher ousada, que fez os pais da pequena vítima passarem os piores dias de suas vidas. Pois você, vai ter que esperar até amanhã pra conhecer a dita. Alegaram que ela sofre de problemas mentais. Como, se não foi examinada por nenhum médico?

Parabéns aos policiais que enobrecem o distintivo que usam e devolveram a paz à família de Gabriele. Eles é que deveriam ter o prazer de apresentar a criminosa, como prêmio por um trabalho bem executado. No palco das vaidades, perdeu o povo, os investigadores e todos que torceram pelo encarceramento da criminosa. Ganhou a gravata!

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